Publicado em 23 de setembro de 2013
por Caue Seigne Ameni
Robert Fisk sugere: “rebeldes” extremistas lançaram ataque; estoques de
gás sarin espalharam-se pelo mundo, após queda de Gaddafi
Por Cauê Seignemartin Ameni
Os sinais de que o ataque químico no subúrbio de Damasco, em 21 de
agosto, não foi lançado pelo regime de Bashar Assad voltaram
a crescer hoje. O jornalista Robert Fisk, famoso por seu vasto conhecimento
sobre o Oriente Médio relata, no The
Independent de Londres, os rumores que circulam na região. Baseiam-se
em informações coletadas por investigadores russos. Dão conta de que fragmentos
das bombas que provocaram a morte de 1,4 mil pessoas em
21/8 não correspondem ao arsenal químico do regime.
E vão além: traçam, com base em evidências, o provável caminho das armas. Elas teriam partido da Líbia — um país envolto em caos, após a deposição do governo de Muamar Gaddafi. Além de caírem nas mãos dos “rebeldes” sírios, teriam se espalhado por outras partes do mundo árabe. Seriam, portanto, um sinal de que a intervenção do Ocidente na Líbia está gerando um novo foco de tensões e ameaças.
E vão além: traçam, com base em evidências, o provável caminho das armas. Elas teriam partido da Líbia — um país envolto em caos, após a deposição do governo de Muamar Gaddafi. Além de caírem nas mãos dos “rebeldes” sírios, teriam se espalhado por outras partes do mundo árabe. Seriam, portanto, um sinal de que a intervenção do Ocidente na Líbia está gerando um novo foco de tensões e ameaças.
O regime sírio, explica Fisk, possui arsenais de armas químicas. Foram
fornecidas pela então União Soviética (URSS). Cientes da procedência, os russos
teriam comparado os fragmentos encontrados em Damasco com as características das
armas que Moscou vendeu, no passado. Constataram que não há semelhança. Em
contrapartida, encontram evidências de que os destroços de Damasco correspondem
às bombas químicas vendidas pela URSS a Yêmen, Egito e… Líbia, em 1967.
Ora, prossegue Fisk, sabe-se que, após a queda de Gaddafi, na Líbia, boa
parte do arsenal de seu exército espalhou-se pelo Oriente Médio. Foi
contrabandeado, por grupos filiados à Al Qaeda, para o Mali, Argélia, deserto de
Sinai e, muito provavelmente, também para os “rebeldes” sírios. A influência
crescente da Al Qaeda sobre eles tornou-se, nos últimos meses, fato reconhecido
por todos.
O velho repórter lembra, além disso, que a participação do regime sírio nos
ataques químicos já era considerada improvável. Três dias antes (18/08),
inspetores da ONU haviam sido autorizados a entrar no país. Estavam a pouco mais
de cinco quilômetros das explosões. Qual seria a lógica, pergunta Fisk, de
permitir sua entrada e produzir, em seguida, um incidente capaz de provocar uma
intervenção internacional no país? Já os “rebeldes” tinham este interesse.
Em dificuldades militares há alguns meses, eles desejavam reembaralhar o jogo —
o que fatalmente ocorreria com a entrada dos EUA na guerra.
Assad não é inocente; muito menos, os rebeldes. Se os governos ocidentais
pretendiam ter maior controle sobre as armas do regime, conseguiram. Se
pretendiam destroçar mais um país, como fizeram com a Líbia, para reconstruí-lo
conforme suas diretrizes, falharam. Em grande parte devido ao interesse russo de
reocupar um lugar de destaque no cenário internacional, encabeçando uma outra
via, sem depender necessariamente do eixo
EUA-Israel-Europa.
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