lunes, 31 de marzo de 2014

A ditadura que não diz seu nome

O imaginário sobre a Amazônia e os povos indígenas, forjado pelo regime de exceção, é possivelmente a herança autoritária mais persistente na mente dos brasileiros de hoje, incluindo parte dos que estão no poder. E a que mais faz estragos na democracia

Eliane Brum

“Quando se quer fazer alguma coisa na Amazônia, não se deve pedir licença: faz-se.”
A declaração é do gaúcho Carlos Aloysio Weber, ex-comandante do 5o Batalhão de Engenharia e Construção, um dos primeiros a instalar-se na Amazônia na ditadura civil-militar. Em 1971, ele foi entrevistado para um projeto especial da revista Realidade sobre a Amazônia. O repórter fez ao coronel, apresentado como “lendário” em Rondônia, a seguinte pergunta: “Como é possível fazer as coisas na Amazônia e transformar a região?”. O coronel respondeu:

- Como você pensa que nós fizemos 800 quilômetros de estrada? Pedindo licença, chê? Usamos a mesma tática dos portugueses, que não pediam licença aos espanhóis para cruzar a linha de Tordesilhas. Se tudo o que fizemos não tivesse dado certo, eu estaria na cadeia, velho.

É uma declaração de sentidos explícitos – pelo tom em que foi dita, pela certeza da impunidade, pelo orgulho da falta de limites. Pela forma como o coronel vê a Amazônia como território a ser invadido e dominado pela força. O que a ditadura fez na Amazônia, tão longe dos centros de poder e das vozes de resistência, e o que fez com os povos indígenas, ainda precisa ser investigado com muito mais profundidade. Os horrores que já foram descobertos podem ser só a superfície. Mas, se o passado pede luz, o presente precisa ser iluminado com urgência.
A ditadura civil-militar enraizou no imaginário dos brasileiros a visão de que a floresta amazônica é um território-corpo para exploração
Há vários entulhos autoritários corroendo nossos dias, como a Polícia Militar (que, se tem uma história anterior ao golpe de 1964, ganhou mais poderes na ditadura e os mantêm na democracia) e o “auto de resistência” (que serve para a polícia justificar a execução de suspeitos ou desafetos). Mas é no olhar tanto sobre a Amazônia quanto sobre os povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas que o Estado autoritário persiste com mais força e menos resistência na mente da maioria dos brasileiros. Persiste da forma mais perigosa, porque traveste como verdade aquilo que é apenas uma imagem a serviço de interesses políticos e econômicos específicos. Talvez em nenhum outro campo o regime de exceção tenha conquistado tanto êxito ao impor seu ideário. E o mantê-lo na democracia.

A ditadura civil-militar enraizou no imaginário dos brasileiros a visão de que a floresta amazônica é um território-corpo para exploração. Se a lógica do explorador/colonizador norteou historicamente a “interiorização” do país, é na ditadura que ela ganha um pacote ideológico mais ambicioso. As peças de propaganda que o regime produziu continuam vivas, mesmo para aqueles que nasceram depois dela, como os slogans “Integrar para não entregar” e “Terra sem homens para homens sem terra”.

É na ditadura que é cimentada a ideia da Amazônia como “deserto verde”, ignorando toda a riqueza humana, a diversidade cultural e biológica que lá existia, ignorando a vida. A disseminação dessa fantasia é tão bem sucedida que se torna verdade. E se torna uma verdade que continua verdade após a redemocratização. Tão verdade que cria uma realidade paradoxal: uma ex-guerrilheira, presa e torturada pelo regime, é quem, na democracia, leva adiante o modelo de desenvolvimento da ditadura para a Amazônia.

É primeiro no governo Lula, e com mais força e empenho a partir da posse de Dilma Rousseff, que grandes obras previstas pelos militares, como a hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu – a mais polêmica, mas não a única – são impostas aos povos da floresta. O conturbado processo que forçou a construção de Belo Monte, entre outras arbitrariedades violou tanto a Constituição quanto tratados internacionais. A Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), assegura aos indígenas o direito de serem ouvidos em empreendimentos que vão afetar seu modo tradicional de vida – e não foram. Outras hidrelétricas estão em curso, com grande resistência de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, como as usinas previstas para o rio Tapajós, no Pará.
Uma ex-guerrilheira, presa e torturada pelo regime, é quem, na democracia, leva adiante o modelo de desenvolvimento da ditadura para a Amazônia
É nesse governo eleito que a Força Nacional baixa sobre as comunidades tradicionais que vivem há séculos na área dos megaprojetos com a justificativa, entre outras, de garantir a segurança dos pesquisadores que farão o inventário socioambiental. Na prática, é usada para reprimir a resistência legítima desses povos, cujos direitos são amparados pela Constituição. É na democracia que grandes empresas financiadas pelo dinheiro público do BNDES executam obras que alteram o ecossistema regional sem cumprir suas obrigações, na forma de condicionantes, causando estragos irreversíveis e aniquilando vidas, como se viu agora na enchente histórica do rio Madeira.

É também nesse período democrático que um instrumento criado na ditadura, a “Suspensão de Segurança”, tem sido usado para garantir a continuidade dos megaempreendimentos, como foi denunciado no último 28 de março na Organização dos Estados Americanos (OEA). O instrumento permite a tribunais superiores anular decisões judiciais de instâncias inferiores, independentemente do mérito, se as cortes entenderem que as sentenças representam risco de “ocorrência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas”. O mecanismo controverso tem sido usado para derrubar decisões favoráveis a comunidades afetadas por grandes obras, como Belo Monte e a estrada de ferro de Carajás.

E a maioria dos brasileiros não estranha – ou estranha muito pouco – essa versão do “Brasil Grande” da ditadura que se consolida com outros nomes na democracia. Não decodifica essa violência como violência, não decodifica o autoritarismo como autoritarismo. O mais perigoso é sempre aquilo que não detectamos como perigoso, aquilo que se naturaliza como inevitável – e na Amazônia a violência de Estado tornou-se natureza.
O mecanismo autoritário da ‘Suspensão de Segurança’ tem sido usado para derrubar decisões favoráveis a comunidades afetadas por grandes obras
Poderia ser uma surpresa o fato de o mito amazônico forjado na ditadura persistir na democracia. Mas não chega a ser, porque é esse mito, convertido em verdade única, que permite que a Amazônia siga sendo tratada como objeto de espoliação, seja pelo Estado, seja pela iniciativa privada. Um corpo a ser violado, à disposição de exploradores de passagem, sejam eles técnicos do governo, políticos de amplo espectro partidário, grileiros, madeireiros, mineradores e empreiteiros.

Quem nesse território permanece, nele nasce, tem raízes e constrói memória torna-se um obstáculo, como os povos indígenas. Um não-ser, como os ribeirinhos e quilombolas, os invisíveis entre os invisíveis. Um obstáculo não ao desenvolvimento, como se repete à exaustão, mas à manutenção desse mito – à continuidade do ideário que legitima, há décadas, a destruição da floresta e dos povos da floresta para acomodar os interesses dos centros de poder.

Esta é uma entre várias razões para que a afirmação de pertencimento dessas populações seja vista como ilegítima, já que a floresta não seria terra para a vida, mas para a exploração e o uso. Como reivindicar a construção de sentidos naquela que é objeto de passagem e de dilapidação? A Amazônia serve ao centro, numa lógica que ainda obedece, na segunda década do século 21, aos preceitos do sistema colonial, na qual a periferia serve à matriz.
Para muitos, incluindo burocratas do governo instalados em ministérios como o de Minas e Energia, a Amazônia é apenas uma fonte de matérias-primas e de energia para as grandes indústrias que produzem para exportação.

Tem sido, também, uma fonte de pagamento de compromissos não pronunciados de campanha, na forma de grandes obras financiadas pelo BNDES. A floresta é também aquela que pode ser derrubada para expandir a fronteira agropecuária, num momento em que os ruralistas constituem a maior bancada suprapartidária, em um Congresso que se pauta pela chantagem, e alcançam níveis inéditos de influência em um governo que assegura apoio pela barganha.

É ainda uma reserva simbólica para unir o Brasil que a desconhece num ufanismo tortuoso contra “os gringos que querem tomar a Amazônia”. Nada parece mais eficaz do que criar uma ameaça externa para engordar nacionalismos de ocasião, que só favorecem aos mesmos de sempre. Se é disso que se trata, convém perceber que há um tipo de “gringo” que há muito está lá, em megaprojetos de multinacionais que expulsaram as populações locais com o apoio de sucessivos governos. Na ditadura, mas também na democracia.
Para compreender a Amazônia é preciso se arriscar à alteridade – e nada mais perigoso para quem quer manter seus privilégios do que experimentar outras possibilidades de estar no mundo
A Amazônia é devastada em nome de várias manipulações, concretas e simbólicas. Para que continue a servir aos interesses dos centros de poder, é preciso que o modelo de exploração persista. E, para que persista, quando o aquecimento global e a destruição do meio ambiente se tornam temas vitais no mundo, quando a questão da água ascende ao topo da pauta, é preciso forjar novos inimigos. É nesse contexto que os povos indígenas passam a ser vendidos à população, predominantemente urbana do país, como “entraves ao desenvolvimento”. Isso no discurso tanto de setores conservadores da sociedade quanto em falas oficiais de setores do atual governo.

Aqueles que pertencem à terra são convertidos em despertencidos, o sentido mais profundo de “entrave”, para que a Amazônia se mantenha no mesmo lugar de corpo para violação. Em nome de “interesses nacionais”, quando, de fato, o que se mascara como nacional são, historicamente, projetos de poder de grupos políticos específicos e projetos de lucro de grupos econômicos privados. Estes, fazem alianças circunstanciais ou permanentes para manter a lógica de espoliação intacta. Fizeram na ditadura, fazem na democracia. Sem que se estranhe o suficiente, porque a distância da Amazônia não é apenas geográfica. Para compreendê-la é preciso se arriscar à alteridade – e nada mais perigoso para quem quer manter seus privilégios do que experimentar outras possibilidades de estar no mundo.
Os povos indígenas resistem desde 1500, mas nesse século ampliaram sua voz, pelas possibilidades abertas pela internet, e passaram a divulgar suas narrativas múltiplas.
Em comum, a resistência ao genocídio que segue em curso e ganhou roupagens mais sofisticadas.

É também por isso que os ataques contra esses povos se acirraram, não apenas na forma de agressões físicas e destruição de aldeias, mas nos vários projetos que tramitam no Congresso e que significam, na prática, sua aniquilação física e cultural. Como não é mais possível silenciar a sua voz, é preciso transformá-los em inimigos. O inimigo não se escuta, diga o que disser, porque não lhe é reconhecida a legitimidade para dizer. Esse é o objetivo da bem sucedida propaganda em curso, que coloca os mais de 200 povos indígenas, habitantes também de outros ecossistemas além da Amazônia, como “entraves ao desenvolvimento” do Brasil. Por estarem no caminho das grandes obras, por estarem coletivamente sobre as terras cobiçadas para lucros privados.
Para que a Amazônia continue sendo território de espoliação é preciso vender ao país a imagem dos povos indígenas como entraves ao desenvolvimento
Nada é mais autoritário do que dizer ao outro que ele não é o que é. Essa também é parte da ofensiva de aniquilação, ao invocar a falaciosa questão do “índio verdadeiro” e do “índio falso”, como se existisse uma espécie de “certificado de autenticidade”. Essa estratégia é ainda mais vil porque pretende convencer o país de que os povos indígenas nem mesmo teriam o direito de reivindicar pertencer à terra que reivindicam, porque sequer pertenceriam a si mesmos. Na lógica do explorador, o ideal seria transformar todos em pobres, moradores das periferias das cidades, dependentes de programas de governo. Nesse lugar, geográfico e simbólico, nenhum privilégio seria colocado em risco. E não haveria nada entre os grandes interesses sem nenhuma grandeza e o território de cobiça.

Quando alguém, mesmo em círculos letrados, afirma que “sem Belo Monte não vai dar para assistir à novela das oito ou entrar no Facebook”, ou brada que “índio tem terra demais”, está cometendo muitas impropriedades. Mas está também mantendo vivo o ideário da ditadura sobre a Amazônia e os povos da floresta. No momento em que o Brasil disseca o golpe que completou 50 anos, tão importante quanto jogar luz sobre o passado é compreender o que dele permanece entre nós – com a nossa estreita colaboração.

Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas. Email: elianebrum.coluna@gmail.com. Twitter: @brumelianebrum

Izquierda y progresismo: la gran divergencia

Eduardo Gudynas     
 
Uno de los mayores cambios políticos vividos en América Latina en los últimos veinte años fue el surgimiento y consolidación de los gobiernos de la nueva izquierda. Más allá de la diversidad de esas administraciones y de sus bases de apoyo, comparten atributos que justifican englobarlos bajo la denominación de “progresistas”. Son expresiones vitales, propias de América Latina, en cierta manera exitosas, pero ancladas en la idea de progreso. Su empuje, e incluso su éxito, está llevando a que esté en marcha una divergencia entre este progresismo con muchas de las ideas y sueños de la izquierda latinoamericana clásica.
 
Para analizar estas circunstancias es necesario tener muy presente la magnitud del cambio político que se inició en América Latina en 1999 con la primera presidencia de Hugo Chávez, y que se consolidó en los años siguientes en varios países vecinos. Quedaron atrás los años de las reformas de mercado, y regresó el Estado a desempeñar distintos roles. Se implantaron medidas de urgencia para atacar la pobreza extrema, y su éxito ha sido innegable en casi todos los países. Vastos sectores, desde movimientos indígenas a grupos populares urbanos, que sufrieron la exclusión por mucho tiempo, lograron alcanzar el protagonismo político.
 
Es también cierto que esta izquierda latinoamericana es muy variada, con diferencias notables entre Evo Morales en Bolivia y Lula da Silva en Brasil, o Rafael Correa en Ecuador y el Frente Amplio de Uruguay. Estas distintas expresiones han sido rotuladas como izquierdas socialdemócrata o revolucionaria, vegetariana o carnívora, nacional popular o socialista del siglo XXI, y así sucesivamente. Pero estos gobiernos, y sus bases de apoyo, no sólo comparten los atributos ejemplificados arriba, sino también la idea de progreso como elemento central para organizar el desarrollo, la economía y la apropiación de la Naturaleza.
 
El progresismo no sólo tiene identidad propia por esas posturas compartidas, sino también por sus crecientes diferencias con los caminos trazados por la izquierda clásica de América Latina de fines del siglo XX. Es como si presenciáramos regímenes políticos que nacieron en el seno del sendero de la izquierda latinoamericana, pero a medida que cobraron una identidad distinta están construyendo caminos que son cada vez más disímiles. Es posible señalar, a manera de ejemplo, algunos puntos destacados en los planos económico, político, social y cultural.
 
La izquierda latinoamericana de las décadas de 1960 y 1970 era una de las más profundas críticas del desarrollo convencional. Cuestionaba tanto sus ideas fundamentales, incluso con un talante anti-capitalista, y rechazaba expresiones concretas, en particular el papel de ser meros proveedores de materias primas, considerándolo como una situación de atraso. También discrepaba con instrumentos e indicadores convencionales, tales como el PBI, y se insistía que crecimiento y desarrollo no eran sinónimos.
 
El progresismo actual, en cambio, no discute las esencias conceptuales del desarrollo. Por el contrario, festeja el crecimiento económico y defiende las exportaciones de materias primas como si fueran avances en el desarrollo. Es cierto que en algunos casos hay una retórica de denuncia al capitalismo, pero en la realidad prevalecen economías insertadas en éste, en muchos casos colocándose la llamada “seriedad macroeconómica” o la caída del “riesgo país” como logros. La izquierda clásica entendía las imposiciones del imperialismo, pero el progresismo actual no usa esas herramientas de análisis frente a las desigualdades geopolíticas actuales, tales como el papel de China en nuestras economías. La discusión progresista apunta a cómo instrumentalizar el desarrollo y en especial el papel del Estado, pero no acepta revisar las ideas que sostienen el mito del progreso. Entretanto, el progresismo retuvo de aquella izquierda clásica una actitud refractaria a las cuestiones ambientales, interpretándolas como trabas al crecimiento económico.
 
La izquierda latinoamericana de las décadas de 1970 y 1980 incorporó la defensa de los derechos humanos, y muy especialmente en la lucha contra las dictaduras en los países del Cono Sur. Aquel programa político maduró, entendiendo que cualquier ideal de igualdad debía ir de la mano con asegurar los derechos de las personas. Ese aliento se extendió, y explica el aporte decisivo de las izquierdas en ampliar y profundizar el marco de los derechos en varios países. En cambio, el progresismo no expresa la misma actitud, ya que cuando se denuncian derechos violados en sus países, reaccionan defensivamente. Es así que cuestionan a los actores sociales reclamantes, a las instancias jurídicas que los aplican, incluyendo en algunos casos al sistema interamericano de derechos humanos, e incluso a la propia idea de algunos derechos.
 
Aquella misma izquierda también hizo suya la idea de la democracia, otorgándole prioridad a lo que llamaba su profundización o radicalización. Su objetivo era ir más allá de la simples elecciones nacionales, buscando consultas ciudadanas directas más sencillas y a varios niveles, con mecanismos de participación constantes. Surgieron innovaciones como los presupuestos participativos o los plebiscitos nacionales. El progresismo, en cambio, en varios sitios se está alejando de aquel espíritu para enfocarse en mecanismos electorales clásicos.Entiende que con las elecciones presidenciales basta para asegurar la democracia, festeja el hiperpresidencialismo continuado en lugar de horizontalizar el poder, y sostiene que los ganadores gozan del privilegio de llevar adelante los planes que deseen, sin contrapesos ciudadanos. A su vez, recortan la participación exigiendo a quienes tengan distintos intereses que se organicen en partidos políticos y esperen a la próxima elección para sopesar su poder electoral.
 
La izquierda clásica de fines del siglo XX era una de las más duras luchadoras contra la corrupción. Ese era una de los flancos más débiles de los gobiernos neoliberales, y la izquierda lo aprovechaba una y otra vez (“nos podremos equivocar, pero no robamos”, era uno de los slogans de aquellos tiempos). En cambio, el progresismo actual no logra repetir ese mismo ímpetu, y hay varios ejemplos donde no ha manejado adecuadamente los casos de corrupción de políticos claves dentro de sus gobiernos. Asoma una actitud que muestra una cierta resignación y tolerancia.
 
Otra divergencia que asoma se debe a que la izquierda latinoamericana luchó denodadamente por asegurar el protagonismo político de grupos subordinados y marginados. El progresismo inicial se ubicó en esa misma línea, y conquistó los gobiernos gracias a indígenas, campesinos, movimientos populares urbanos y muchos otros actores. Dieron no sólo votos, sino dirigentes y profesionales que permitieron renovaron las oficinas estatales.Pero en los últimos años, el progresismo parece alejarse de muchos de estos movimientos populares, ha dejado de comprender sus demandas, y prevalecen posturas defensivas en unos casos, a intentos de división u hostigamiento en otros. El progresismo gasta mucha más energía en calificar, desde el palacio de gobierno, quién es revolucionario y quién no lo es, y se ha distanciado de organizaciones indígenas, ambientalistas, feministas, de los derechos humanos, etc. Se alimenta así la desazón entre muchos en los movimientos sociales, quienes bajo los pasados gobiernos conservadores eran denunciados como izquierda radical, y ahora, bajo el progresismo, son criticados como funcionales al neoliberalismo.
 
La izquierda clásica concebía a la justicia social bajo un amplio abanico temático, desde la educación a la alimentación, desde la vivienda a los derechos laborales, y así sucesivamente. El progresismo en cambio, se está apartando de esa postura ya que enfatiza a la justicia como una cuestión de redistribución económica, y en especial por medio de la compensación monetaria a los sectores más pobres y el acceso del consumo masivo al resto. Esto no implica desacreditar el papel de ayudas en dinero mensuales para sacar de la pobreza extrema a millones de familias. Pero la justicia es más que eso, y no puede quedar encogida a un economicismo de la compensación.
 
Finalmente, en un plano que podríamos calificar como cultural, el progresismo elabora diferentes discursos de justificación política pero que cada vez tienen mayores distancias con las prácticas de gobierno. Se proclama al Buen Vivir pero se lo desmonta en la cotidianidad, se llama a industrializar el país pero se liberaliza el extractivismo primario exportador, se critica el consumismo pero se festejan los nuevos centros comerciales, se invocan a los movimientos sociales pero se clausuran ONGs, se felicita a los indígenas pero se invaden sus tierras, y así sucesivamente. 
 
Estos y otros casos muestran que el progresismo actual se está separando más y más de la izquierda clásica.El nuevo rumbo ha sido exitoso en varios sentidos gracias a los altos precios de las materias primas y el consumo interno. Pero allí donde esos estilos de desarrollo generan contradicciones o impactos negativos, estos gobiernos no aceptan cambiar sus posturas y, en cambio, reafirman el mito del progreso perpetuo. A su vez, contribuyen a mercantilizar la política y la sociedad con su obsesión en la compensación económica y su escasa radicalidad democrática.
 
El progresismo como una expresión política distintiva se hace todavía más evidente en tiempo de elecciones. En esas circunstancias parecería que varios gobiernos abandonan los intentos de explorar alternativas más allá del progreso, y prevalece la obsesión con ganar la próxima elección. Eso los lleva a aceptar alianzas con sectores conservadores, a criticar todavía más a los movimientos sociales independientes, y a asegurar el papel del capital en la producción y el comercio.
 
El progresismo es, a su manera, una nueva expresión de la izquierda, con rasgos típicos de las condiciones culturales latinoamericanas, y que ha sido posible bajo un contexto económico global muy particular. No puede ser calificado como una postura conservadora, menos como un neoliberalismo escondido. Pero no se ubica exactamente en el mismo sendero que la izquierda construía hacia finales del siglo XX. En realidad se está apartando más y más a medida que la propia identidad se solidifica.
 
Esta gran divergencia está ocurriendo frente a nosotros. En algunos casos es posible que el progresismo rectifique su rumbo, retomando algunos de los valores de la izquierda clásica para buscar otras síntesis alternativas que incorporen de mejor manera temas como el Buen Vivir o la justicia en sentido amplio, lo que en todos los casos pasa por desligarse del mito del progreso. Es dejar de ser progresismo para volver a construir izquierda. En otros casos, tal vez decida reafirmarse como tal, profundizando todavía más sus convicciones en el progreso, cayendo en regímenes hiperpersidenciales, extractivistas, y cada vez más alejados de los movimientos sociales. Este es un camino que lo aleja definitivamente de la izquierda.
 
 
-        -  Eduardo Gudynas es analista en CLAES (Centro Latino Americano de Ecología Social), Montevideo. Twitter: @EGudynas

Muere a los 92 años Phuntsok Wangyal, fundador del Partido Comunista Tibetano

El político Phuntsok Wangyal, fundador del Partido Comunista Tibetano y mediador entre el régimen chino y el Dalai Lama, falleció el domingo en un hospital de Pekín a los 92 años tras una larga enfermedad pulmonar, informaron hoy fuentes próximas a su familia a la emisora Radio Free Asia.

Wangyal, nacido en 1922 en Batang (provincia central china de Sichuan), creó el partido en la clandestinidad en los años 40 del siglo pasado y organizó una guerrilla que luchó contra el entonces gobernante Partido Nacionalista Kuomingtang, en colaboración con los comunistas chinos de Mao Zedong.

Aunque la formación que lideraba compartía rasgos ideológicos con el Partido Comunista de China, como la lucha contra el feudalismo o la modernización de la economía, su objetivo inicial, en contra de las fuerzas maoístas, era la de establecer un estado tibetano socialista e independiente.

Tras la victoria de los comunistas chinos contra el Kuomintang en la guerra civil (1945-49), Wangyal y su formación se unieron al Partido Comunista de China, de modo que abandonaron el independentismo y colaboraron con Pekín en la creación de la región autónoma del Tíbet en aquellos años.

Wangyal también fue el traductor del Dalai Lama en el viaje que el líder espiritual, aún adolescente, llevó a cabo a Pekín entre 1954 y 1955, en aquellos primeros años de aparente cooperación entre el naciente régimen comunista y las autoridades tradicionales tibetanas.
Sin embargo, en 1960, un año después de las revueltas en Tíbet contra la ocupación comunista que terminaron con el exilio del Dalai Lama, Wangyal fue encarcelado en la prisión pequinesa de Qincheng, famoso lugar de encierro de líderes comunistas purgados donde pasó los siguientes 18 años.

También su esposa, uno de sus hermanos y sus hijos fueron encarcelados durante esa época, y su mujer falleció en cautividad, sin saber si él seguía vivo.

Finalmente, el líder tibetano, también conocido popularmente como "Phunwang", fue liberado y políticamente rehabilitado en 1978, dos años después de la muerte de Mao, y se le llegó a ofrecer entonces el cargo de presidente de la región autónoma del Tíbet, cosa que rechazó.

Wangyal pasó el resto de su vida en Pekín, donde son conocidos sus intentos por convencer a los líderes del Gobierno central para que buscaran reconciliación con el exilio tibetano y permitieran el regreso del Dalai Lama, un deseo que expresó en varias cartas dirigidas al entonces presidente chino Hu Jintao (2003-2013).

Tibetanos en el exilio reconocen a Wangyal sus intentos de alcanzar, desde dentro del seno del régimen, cierto grado de reconciliación tras medio siglo de conflictos en el Techo del Mundo.

 Dalai Lama
Tras conocerse la noticia del fallecimiento, el Dalai Lama envió un mensaje de condolencias de quien fue su amigo y traductor antes del exilio.

"Era un hombre sincero y honesto, y disfruté de su compañía siempre que nos encontramos. Tenía la esperanza de volverle a ver, pero no pudo ser", señaló el líder espiritual, en un mensaje desde su residencia en Dharamsala (India).


Estados Unidos sin recuperación ni inflación


Oscar Ugarteche y Noyola Rodríguez

ALAI AMLATINA, 31/03/2014.- El presidente de la Reserva Federal (Fed) de Estados Unidos, al enfrentar la mayor crisis después de la Gran Depresión de 1929, a partir de noviembre del 2008 dejó a un lado dos de los tres objetivos de su banco, la estabilidad financiera y el control de precios, e hizo del tercero, el pleno empleo, el blanco de la política monetaria: Los programas de estímulo monetario (Quantitative Easing) puestos en marcha no serían retirados hasta que la tasa de desempleo se redujera a 6.5 por ciento. Ahora, empero, Estados Unidos retira el estímulo monetario mientras no asiste a una recuperación sostenida del PIB, ni a una baja del desempleo de 6.5%, y parece enfrentar riesgos de deflación y de nuevas burbujas financieras.

El Bureau of Economic Analysis, hay evidencia que desde hace como cinco años saca proyecciones de crecimiento trimestrales que luego revisa a la baja con varianzas sustantivas. De esta forma, los anuncios del PIB hay que mirarlos con precaución, no en su primer anuncio sino en la tercera revisión. El primer anuncio parece hecho para manejar expectativas y tomar decisiones de política monetaria. El único problema es que el mundo económico también lo hace.

En septiembre del 2013, fecha del primer estimado más certero del crecimiento del PIB anual, calcularon que el año cerraría en 2.8%, muy encima de lo observado de 2009 en adelante. A la tercera revisión en marzo del 2014 el dato fue de 1.9% anual del año 2013 en su conjunto. Dicen los de la BEA se debió a una caída en la tasa de formación bruta de capital, del consumo privado y a un menor gasto público, lo que tiene sentido en el marco de políticas de austeridad fiscal. Eso pone las cifras anuales de crecimiento de 2009 en adelante en -2.8%, 2.5%, 1.8%, 2.8% y 1.9% en el 2013. No existe, pues, una recuperación vigorosa. Los estimados, siempre están en el ojo del que mira, que hace los supuestos.

Los programas de inyección comenzaron en noviembre de 2008 para reactivar el crédito y evitar la deflación con el QEI que se mantuvo hasta agosto de 2010. La inflación (core inflation) anual a mayo de 2010 bajó hasta 0.3 % que es cuando Bernanke decidió inyectar liquidez más seriamente para generar un poco de inflación monetaria. Entonces inició el QEII en noviembre. Este si tuvo frutos y en agosto de 2011 la inflación llegó a 3.1% anual y comenzó el declive. Por ello, en septiembre de 2013 se inició el QEIII con un monto inicial de 45,000 mdd, que aumentó a 85,000 mdd en diciembre de ese mismo año. Con todo y estímulos monetarios, la evidencia muestra que la inflación está de bajada desde 2011 cuando cerró el año en 2.9%; en 2012 fue de 1.9% y finalmente en 2013, de 1.7% por ciento.

A lo anterior se suma la débil recuperación del mercado laboral. El desempleo parece estancado en 6.7% a febrero de 2014. El cálculo oficial deja de lado que en los últimos cincos años alrededor de 5 millones 730 mil personas abandonaron la búsqueda de trabajo ante la debilidad estructural de la economía estadounidense según The Economic Policy Institute. De añadirse en la contabilidad, la tasa de desempleo sería de al menos 10 por ciento. El rumbo de la macroeconomía a todas luces va por la reducción salarial en un intento por exportar más, lo que no está induciendo una recuperación de la tasa de inversión fija, ni menos aún la recuperación sostenida del ritmo consumo o producción de bienes y servicios a los niveles previos a la crisis.

En comparación con marzo de 2009, los índices de la Bolsa de Nueva York, el S&P 500, el Dow Jones y el Nasdaq han aumentado 178, 151 y 242% respectivamente. El peligro está en que los índices de la Bolsa no se sostienen con los datos económicos a la vista.

Las compras masivas de bonos del Tesoro y de activos hipotecarios llevaron a que la hoja de balance de la Fed pasara de 1 billón a 4.18 billones (trillions en inglés) de dólares entre septiembre de 2008 y marzo de 2014. Muchos de estos salieron como capitales de corto plazo a los mercados emergentes. El retiro del estímulo pretende el retorno de los capitales para empujar el crecimiento en el centro al costo de estrangular al resto del mundo a través de depreciaciones cambiarias y caídas de las bolsas de valores, con las consecuentes reducciones del consumo y crecimiento económico. El blanco de esto son las economías emergentes.

El efecto global del retiro del estímulo monetario es triple cuando se considera que hay un triple arbitraje en los mercados de dinero, cambiario y de valores. La tasa de interés cero ha empujado los capitales al exterior y con estos anuncios hay regresos a casa. La rentabilidad en dólares es muy baja pero ante la posibilidad de shocks cambiarios es un refugio. Así tenemos la reversa del triple arbitraje. Hay quienes están regresando también a Yuanes y a Euros, ambos más rentables. Al mismo tiempo bajan los precios de los commodities y se produce un ajuste del consumo en las economías emergentes.

El 12 de marzo de la semana que terminó, los bancos centrales vendieron 106,000 mdd invertidos en bonos del Tesoro estadounidense, la mayor caída semanal en la historia, para sostener sus tipos de cambio. Una semana después, Janet Yellen, ahora al frente de la Fed, anunció la reducción del estímulo monetario a 55,000 mdd mensuales y declaró que el final de la política monetaria basada en bajas tasas de interés ocurrirá “mucho más allá del momento en que el desempleo sea de 6.5 por ciento”. Para evitar el mal rato de anunciar que el desempleo crece, lo mejor ha sido sacarlo de los criterios para retirar el estímulo monetario. El augurio de crecimiento para el 2014 no es el mejor y parece ser el de la consolidación de un ritmo bajo en el mundo.

- Oscar Ugarteche es economista peruano, trabaja en el Instituto de Investigaciones Económicas de la UNAM, México. Miembro del SNI/Conacyt. Coordinador del Observatorio Económico de América Latina (OBELA) www.obela.org y presidente de ALAI www.alainet.org
- Ariel Noyola Rodríguez es miembro del proyecto OBELA, IIEC-UNAM. Contacto: anoyola@iiec.unam.mx

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domingo, 30 de marzo de 2014

Los talibanes paquistaníes prolongan la tregua

El principal grupo talibán de Pakistán, el TTP, prolongará la tregua que mantiene con el Gobierno del país asiático desde comienzos de este mes, informó hoy la prensa local.

"La tregua no acabará el 31 de marzo (como se anunció en un principio)", dijo el principal mediador del bando talibán, el clérigo Samiul Haq, de acuerdo con el diario local Express Tribune, aunque la fuente no concretó si el alto del fuego es permanente.

El anuncio se realizó tras una reunión celebrada ayer en Islamabad en la que participaron el comité de negociación del Gobierno, representantes de los talibanes y el ministro del Interior, Chaudhry Nisar.
El pasado martes se produjo el primer encuentro formal entre autoridades de Pakistán y miembros del TTP, en una reunión en la que ambas partes acercaron posturas en puntos como la extensión del alto el fuego de los insurgentes o el intercambio de prisioneros.
El TTP entregó una lista de mujeres y niños que, según el grupo, están en manos de las fuerzas de seguridad, mientras que los delegados gubernamentales pusieron sobre la mesa los nombres de un vicerrector universitario y dos hijos de conocidos políticos que se hallan secuestrados.

De acuerdo con el Express Tribuna, el Gobierno pidió ayer más tiempo a los talibanes para llevar a cabo "pasos prácticos".

Tras esta primera toma de contactos, ambas comitivas anunciaron que debían realizar consultas antes del siguiente encuentro, que se espera para la "próxima semana".

La delegación del TTP, de cuatro o cinco miembros según las fuentes, estuvo encabezada por Qari Shakil, miembro de la cúpula insurgente que ha supervisado por el bando talibán el proceso de diálogo formal iniciado en febrero.

Por el Ejecutivo paquistaní participaron el secretario de Puertos, Habibulá Khan; un miembro del equipo del primer ministro, Fawad Hasán; un responsable oficial para las áreas tribales, Mohamed Arif, y el exdiplomático Rustam Sha.

El diálogo, iniciado en febrero, se ha visto muy amenazado por la continuación de la actividad insurgente, a pesar de la tregua decretada en marzo por el TTP, que se ha desmarcado de los incidentes violentos ocurridos desde entonces.

«Las mujeres somos libres para decidir si queremos abortar», defiende el 'Tren de la libertad'

MARTA VARELA | BARREDOS.

La iniciativa feminista 'Tren de la Libertad' que el pasado 1 de febrero llenó Madrid de un «movimiento malva» contra la modificación de la Ley del Aborto tiene desde ayer su reconocimiento en el municipio de Laviana. 

En la misma localidad, Barredos, donde se gestó esta iniciativa en una cena en diciembre de 2013 se dio el nombre 'Tren de La Libertad' a un parque ayer y se volvió a dejar patente que las mujeres «somos libres para decidir si queremos abortar». 

Un acto que estuvo cargado de emotividad, pero sobre todo de compromiso con la lucha de la libertad de las mujeres. Así, desde las dos formaciones feministas que impulsaron la «marea malva» hacia Madrid, la Asociación de Mujeres por la Igualdad de Barredos y la Tertulia Feminista Les Comadres de Gijón, se recordó que «la lucha no ha terminado. Si el gobierno de Rajoy insiste en reformar la ley y acortar nuestras libertades, volveremos a subirnos al tren». 

Una idea que reforzó la filósofa Amelia Valcárcel, quien aseguró que «si tenemos que subirnos al tren, que no tengan duda, lo haremos y volveremos a Madrid para luchar por la libertad». A lo que desde el público se contestó con «la próxima visita será con dinamita». Porque, aseguraron, «ninguna mujer ha cansado de luchar por nuestros derechos». 

La mayor de la historia 
 
La directora del Instituto Asturiano de la Mujer, Carmen Sanjurjo, agradeció al Ayuntamiento de Laviana «este justo reconocimiento a las asociaciones de mujeres que lideraron la mayor movilización y manifestación feminista de la historia de este país». 

Insistiendo que el acto es «una estación más en el viaje de este importante tren que no parará hasta asegurar que no se retrocede en los derechos de las mujeres». Por el Consistorio acudieron representantes del PSOE e IU, que siempre apoyaron esta iniciativa, encabezados por su regidor, Adrián Barbón. 

El regidor lavianés agradeció a las mujeres que mantengan «vivo el espíritu del 'Tren de La Libertad'» y remarcó que «no estamos dispuestos a que mueran mujeres por abortos clandestinos». El regidor recibió de manos de la exalcaldesa de Gijón, Paz Fernández Felgueroso, una flor malva para que sea cuidada por la Corporación. 



Polo crítico: Diario Inglés The Guardian: La Verdad de Venezuela, Una Revuelta de Ricos. No una "Campaña del Terror'"

La verdad: una Revuelta de los Ricos, No una 
"Campaña del Terror". La Retórica de John 
Kerry está Divorciada de la Realidad en el 
Terreno, Donde la Vida Continúa
Las imágenes forjan la realidad, lo que da a la televisión, los videos y hasta a las fotografías un poder con el que pueden cavar profundo en la mente de las personas, incluso sin que ellas se den cuenta. Pensé que también yo era inmune a los repetitivos retratos de Venezuela como Estado fallido en medio de una rebelión popular. Pero no estaba preparado para lo que vi en Caracas este mes: qué poco de la vida cotidiana parecía estar afectado por las protestas, la normalidad que reina en la gran mayoría de la ciudad. También yo había sido engañado por la imaginería mediática.
 
Grandes medios han reportado que los pobres en Venezuela no se han unido a las protestas de la oposición de derecha, pero esto es un eufemismo: no es solamente que los pobres se abstienen –en Caracas son casi todos excepto pocas áreas como Altamira, donde pequeños grupos de manifestantes se meten en batallas nocturnas con las fuerzas de seguridad, lanzan piedras y bombas incendiarias y huyen del gas lacrimógeno.
 
Caminando desde el barrio de clase trabajadora de Sabana Grande hasta el centro de la ciudad, no hay señales de que Venezuela esté al borde de una “crisis” que requiera la intervención de la Organización de Estados Americanos (OEA), a pesar de lo que John Kerry diga. El metro también trabajaba muy bien, aunque no pude bajarme en la estación Altamira, donde los rebeldes habían puesto su base de operaciones hasta que los sacaron esta semana.
 
Logré ver las barricadas por primera vez en Los Palos Grandes, área de clase alta donde los manifestantes sí tienen apoyo popular y los vecinos gritarán a cualquiera que trate de remover las barricadas –algo arriesgado de intentar (al menos cuatro personas aparentemente han sido asesinadas a tiros por hacerlo)–. Pero incluso aquí en las barricadas, la vida era bastante normal, excepto por algún tráfico fuerte. El fin de semana, Parque del Este estaba lleno de familias y corredores sudando en un calor de 32 grados –antes de Chávez había que pagar para entrar y los habitantes, según me dijeron, estaban decepcionados porque a los menos acomodados se les permitía entrar de gratis–. Los restaurantes siguen llenos en la noche.
 
Viajar ayuda a verificar la realidad un poco más, por supuesto, y yo visité Caracas principalmente para obtener información en el área económica. Pero vine escéptico respecto al cuento, reportado a diario en los medios, de que el desabastecimiento de productos básicos era la razón para las protestas. La gente a la que la escasez le crea más molestias es, por supuesto, los pobres y las clases trabajadoras. Pero los habitantes de Los Palos Grandes y Altamira, donde vi verdaderas protestas, tienen sirvientes que hacen cola para lo que necesitan y tienen el ingreso y el espacio para acumular algo de existencias.
 
Esta gente no está sufriendo, les está yendo muy bien. Sus ingresos han aumentado a buen paso desde que el gobierno de Chávez tomó control de la industria petrolera hace una década. Incluso tienen un gran apoyo del Gobierno: cualquiera con una tarjeta de crédito (excepto pobres y millones de la clase trabajadora) tiene derecho a $3.000 por año, a una tasa de cambio subsidiada. Después, pueden vender los dólares seis veces más caros de lo que pagaron, en lo que suma un subsidio anual multimillonario en dólares para los privilegiados, y todavía estos son los que abastecen la base y a las tropas de la sedición.
 
La naturaleza de clase de esta lucha siempre ha sido cruda e irrefutable, ahora más que nunca. Caminando entre las masas que fueron a las ceremonias por el aniversario de la muerte de Chávez, el 5 de marzo, se veía un mar de venezolanos de la clase trabajadora, decenas de miles de ellos. No había ropas caras o zapatos de $300. Qué contraste con las masas descontentas de Los Palos Grandes, que tenían camionetas todoterreno Grand Cherokee de $40.000 portando el eslogan del momento: SOS VENEZUELA.
 
En lo que se refiere a Venezuela, John Kerry sabe de qué lado de la guerra de clases está. La semana pasada, justo cuando me iba, el secretario de Estado de Estados Unidos duplicó su descarga de retórica contra el Gobierno, acusando al presidente Nicolás Maduro de fomentar una “campaña de terror contra su propio pueblo”. Kerry también amenazó con invocar la Carta Democrática Interamericana de la OEA contra Venezuela, así como de aplicar sanciones.
 
Alardear sobre la Carta Democrática contra Venezuela es casi como amenazar a Vladimir Putin con un voto de la ONU sobre la secesión en Crimea. Quizás Kerry no se dio cuenta, pero apenas unos días antes de sus amenazas, la OEA votó una resolución que Washington introdujo contra Venezuela y le dio la vuelta, declarando la “solidaridad” del organismo regional con el gobierno de Maduro. Veintinueve países la aprobaron y sólo los gobiernos de derecha de Panamá y Canadá se aliaron con Estados Unidos contra ella.
 
El artículo 21 de la Carta Democrática de la OEA aplica ante la “interrupción inconstitucional del orden democrático de un Estado miembro” (como el golpe militar de 2009 en Honduras, al cual Washington ayudó a legitimar, o el golpe militar de 2002 en Venezuela, que tuvo aún más colaboración del Gobierno estadounidense). Debido a este voto reciente, la OEA podría invocar la Carta Democrática más en contra del Gobierno de Estados Unidos, por las muertes que causan sus drones a ciudadanos estadounidenses sin juicio, de lo que podría hacerlo contra Venezuela.
 
La retórica de “campaña de terror” de Kerry está igualmente divorciada de la realidad y, como era de esperarse, provocó una respuesta equivalente del canciller de Venezuela, que llamó “asesino” a Kerry. Esta es la verdad sobre las acusaciones de Kerry: desde que comenzaron las protestas en Venezuela, resulta que más personas han muerto de la mano de los manifestantes que de las fuerzas de seguridad. De acuerdo con las muertes reportadas por el CEPR (Centro de Investigación en Economía y Política) durante el último mes, además de los asesinados por tratar de remover las barricadas puestas por los manifestantes, por lo menos siete aparentemente han muerto debido a las obstrucciones creadas por los manifestantes –incluyendo un motorizado que se degolló con una guaya colocada en la carretera– y cinco oficiales de la Guardia Nacional han sido asesinados.
 
Respecto a la violencia por parte de cuerpos de seguridad, presuntamente tres personas podrían haber sido asesinadas por la Guardia Nacional u otras fuerzas de seguridad –incluyendo dos manifestantes y un activista que apoyaba al gobierno–. Algunas personas acusan al Gobierno de otras tres muertes por civiles armados; en un país con un promedio de más de 65 homicidios por día, es completamente posible que esta gente actuara por su cuenta.
 
Un total de 21 miembros de las fuerzas de seguridad están bajo arresto por supuestos abusos, incluyendo por algunos de los asesinatos. Esto no es una “campaña de terror”.
 
Al mismo tiempo, es difícil encontrar una denuncia seria sobre la violencia opositora entre los más importantes líderes de la oposición. Según datos de encuestas, las protestas son rechazadas en gran medida en Venezuela, aunque se ven mejor afuera cuando son promovidas como “protestas pacíficas” por gente como Kerry. Las encuestas también sugieren que la mayoría de los venezolanos ven estos disturbios como lo que son: un intento de derrocar un gobierno elegido.
 
La política interna de la postura de Kerry es bastante simple. Por un lado, tienes el lobby cubano-americano de la derecha de Florida y sus aliados neoconservadores gritando a favor del derrocamiento. A la izquierda de la extrema derecha, bueno, no hay nada. A esta Casa Blanca le importa muy poco América Latina y no hay consecuencias electorales por hacer que la mayoría de los gobiernos del hemisferio se molesten con Washington.
 
Quizás Kerry piensa que la economía de Venezuela colapsará y que eso llevará a algunos de los venezolanos no ricos a las calles contra el Gobierno. Pero la situación económica en realidad se está estabilizando –la inflación mensual bajó en febrero y el dólar del mercado paralelo ha bajado drásticamente ante las noticias de que el gobierno está introduciendo una nueva tasa de cambio basada en el mercado–. Los bonos soberanos de Venezuela tuvieron un rendimiento de 11,5% desde el 11 de febrero (el día que comenzaron las protestas) al 13 de marzo, el más alto rendimiento según el índice de bonos de mercados emergentes de Bloomberg. La escasez probablemente bajará en las próximas semanas y meses.
 
Por supuesto, esto es exactamente el principal problema de la oposición: la próxima elección será dentro de un año y medio y para esa fecha, la escasez económica y la inflación que han aumentado tanto en los últimos 15 meses se habrán aliviado. En este sentido, la oposición posiblemente perderá las elecciones legislativas, así como ha perdido cada elección en los últimos 15 años. Pero su actual estrategia insurreccional no está ayudando a su propia causa: parece que han dividido a la oposición y unido a los chavistas.

El único lugar donde la oposición parece estar ganando amplio apoyo es en Washington. Por Mark Weisbrot - Diario Inglés The Guardian

Argentina: “Me parece un genocidio programado contra los pueblos originarios”

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El gobierno de la provincia de Formosa impidió la atención médica de “unas mil personas”, miembros del pueblo originario Wichí, en los últimos días. Así lo cuenta José Antonio “Tano” Boggiano, fundador y líder del grupo Enfermeros para la Asistencia Humanitaria (ENASHU) de Buenos Aires en una entrevista para ANRed, con graves acusaciones hacia las autoridades del Estado. Es el relato de un horror: desnutrición generalizada, epidemias de enfermedades letales y amenazas del Estado contra voluntarios brindando ayuda médica. Una campaña humanitaria en el territorio Wichí de Formosa se convirtió, según Boggiano, en “una expedición en una zona de conflicto. Es descabellado pero allá la realidad supera la imaginación”. Por Stefan Biskamp, corresponsal alemán para América Latina, para ANRed / Fotos: Franco Velazquez y Stefan Biskamp.

Por ANRed - L (redaccion@anred.org)

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Veintisiete voluntarios enfermeros, médicos y bomberos estuvieron presentes, desde el 19 hasta el 24 de marzo, en la ciudad de Ingeniero Juárez, en el pueblo Pozo de Masa y unas comunidades casi abandonadas, para atender a los Wichí. Fue la segunda intervención de José Antonio “Tano” Boggiano allá; él tiene larga experiencia en campañas de este tipo y fue integrante de Médicos sin Fronteras en muchos países de África y de América Latina. Sin embargo califica como “única en lo peor” la situación de los pueblos originarios en Formosa.

Stefan BiskampEl gobierno de la Provincia de Formosa trato de parar la campaña humanitaria de tu grupo en las comunidades Wichí. Pero siguió. ¿Con qué resultado?

José Antonio “Tano” BoggianoLos logros sanitarios fueron 972 personas registradas que se atendieron en dos días, de esas más de la mitad recibieron medicación. Creemos que se nos escaparon doscientas o trescientas fuera de los registros porque la enfermedad que tenían era el hambre. Dolores abdominales, acidez, mareo, malestar y cuando les dábamos turrones o alfajores se les iba. Igual manifestación teníamos con el tema del agua. No es que necesitaban medicamentos sino que lo que necesitaban era agua. Estas personas se fueron sin ser registradas. Por eso perdimos esa parte de la estadística. Pero bueno no podemos cumplir el rol del Estado. También es duro curar a personas y saber quelas enfermedades van a volver porque la gente tiene que tomar el mismo agua podrido que antes.

S.B: Sin embargo parece un éxito con solo 27 voluntarios.

T.B: Depende del punto de vista. El segundo día planificamos nuestra atención médica con base en el Barrio Obrero de Ingeniero Juárez. La última ayuda que recibió la gente Wichí allá fue en el 2004 y lo hizo UNICEF, después no ha recibido ayuda de ningún tipo. Hoy en día, el centro de salud allá no tiene nada prácticamente pero lo que sí tienen es este espacio físico, que es lo que necesitábamos para trabajar cómodos. Pero por la intervención del gobierno provincial, que nos obligó a armar el centro de salud lejos de este barrio, perdimos la oportunidad de atender unas mil personas. Mucha gente no se enteró o se enteró tarde. Este segundo día de nuestra campaña empezó cinco horas más tarde por todas las negociaciones con los funcionarios del Gobierno de la provincia y bueno, no lograron todo su objetivo, pero en parte lo lograron.


S.B: Tratar de parar la asistencia médica, ¿no te parece que tiene un elemento psicópata?

T.B: No sé cómo calificarlo psicológicamente pero parece un genocidio programado: no permitir la atención médica, la atención de salud, ver chicos que se desesperan por un caramelo y que ni siquiera tienen ropa para ponerse, sacan agua podrida de un pozo de tierra.

S.B: ¿Y ahora cómo va a seguir la atención médica en estas condiciones después de la intervención?

T.B: Logramos traer 18.000 medicamentos los cuales se usaron en las comunidades. Por el hecho de que perdimos unas mil personas como pacientes nos sobró medicación para donar al hospital de Ingeniero Juárez. Además de eso se dejaron equipos para nebulizar y varios equipos para la medición de glucemia. Tenemos el registro de gente que necesita medicación, que se les va a enviar. Y desde Ingeniero Juárez el director del Hospital se haría cargo de repartirlo. En eso quedé con él. Y, cuando volvamos en julio, me darían el hospital como base y del gobierno me darían dos o tres comunidades donde ellos no llegan o lo tienen como área roja, o sea donde hay mucha sífilis, tuberculosis y Chagas vinculadas a otras manifestaciones clínicas como el colon que se agranda e insuficiencias cardíacas. Así que bueno, si se da eso, sería un logro muy importante; hay que ver si el gobierno cumple, si el gobierno nos permite trabajar.

S.B: ¿Cuáles eran los problemas sanitarios más graves, hubo alguna sorpresa?

T.B: No hubo sorpresa porque volvimos a ver lo mismo que en nuestra primera visita en enero. Sí hubo casos más graves que lamentablemente van a generar casos aún más graves y en eso no tuve respuesta de las autoridades sanitarias en Ingeniero Juárez. Había dos o tres pacientes que se atendieron en la escuela de Pozo de Maza que estaban con tuberculosis activa y tenían toda la sintomatología de estar en el medio de la enfermedad, esto significa que en contacto con toda la gente que estuvieron los iban a contagiar. Yo informé estos casos en medio de todos los problemas que tuvimos con las autoridades. Me dijeron que les informara de dónde era, pero no les interesó ni el nombre ni cómo ni cuándo, así que no creo que lo hayan ido a buscar. Esos pacientes están en aislamiento respiratorio y con una medicación que nosotros teníamos. Entonces tenemos tuberculosis, parasitosis y cánceres de mama no tratados y de piel.

S.B: ¿De dónde vienen esos casos de cánceres?

T.B: El cáncer de piel puede estar sujeto a la alta exposición al sol, los de mama no sé si es debido a una predisposición genética normal. Lo que sí sé es que no están tratados. Los pacientes que hemos visto no tienen muchas chances porque no fueron tratados en su momento. Y algunos tienen el diagnóstico porque tienen los estudios hechos pero después no se les dio tratamiento.


S.B: Pero entonces es grave porque el sistema de salud los detecta pero no les da seguimiento.

T.B: Bueno ahí es delicado porque entramos en contradicción entre lo que dicen unos y otros. Los servicios sanitarios dicen que les ofrecieron el tratamiento y que la gente no fue, y la gente dice que nunca les dieron tratamiento y que les dijeron que no era tan grave lo que tenían. Entonces quedó una línea media donde él que se muere es el paciente y el Estado se salva de pagar el tratamiento oncológico.

S.B: Parece desesperante cambiar esto en unos días.

T.B: Cambiar todo esto sería la tarea del Estado. Y en total más que mil personas atendidas son razón de esperanza. Lo cierto es que no conozco otro grupo en Latinoamérica que haya hecho esto. Sí hay grupos en catástrofe que han atendido la misma cantidad de gente pero no hay ninguno que haya hecho atención primaria de la salud en dos días con semejante cantidad de gente. Obviamente, si una ONG o un grupo humanitario están en el lugar es porque el Estado no cumple con su función, en muchas partes del mundo ocurre esto.

S.B: ¿Cómo comparar la situación con otros países?

T.B: Una diferencia es que normalmente no se ataca a los grupos de ayuda humanitaria. En nuestro caso el equipo de ayuda humanitaria estaba intervenido, vigilado, intimidado, custodiado. A mí me han llevado al hospital para pedir datos para pedir datos, me han llevado con diferentes autoridades de la provincia, cosa inédita. Mandaron farmacéuticos para revisar y embargar medicación, mandaron abogados, y nosotros no tenemos abogado ni defensa legal como para responder frente a un abogado. Según me manifestaron en su momento tenían la orden para que yo vaya a hablar con un juez sobre lo que estamos haciendo y me llegaron a decir que yo no podía ejercer en la provincia, sin embargo es Argentina y yo puedo ejercer en Argentina porque mi matrícula es nacional. De hecho nuestras matrículas ahora son del Mercosur. Lo que te quiero decir es queestos grupos de ayuda humanitaria sólo en zonas de conflicto son hostigados. Acá oficialmente no hay un conflicto armado y sin embargo fuimos sistemáticamente vapuleados y la gente Wichí está expuesta, repito, a un genocidio programado.


S.B: Viajando por la provincia de Formosa se pueden ver nuevas escuelas, nuevos hospitales, unas nuevas viviendas cada tanto kilómetros.

T.B: Los edificios nuevos, por ejemplo las escuelas que han hecho y arreglado para esas comunidades originarias, lo llamativo es que tienen ventiladores, pero nosotros estuvimos sin luz, no se entregaba electricidad al lugar mientras nosotros estuvimos deliberadamente. En un momento determinado y por pedido mío al director de la escuela y al intendente de Pozo de Masa nos dieron dos horas de luz. En la primera campaña que hicimos este año en otra comunidad, ellos solamente tienen luz dos horas o tres en el día y lo llamativo es que no tenían agua, la cual sacaban del arroyo contaminado. Además de las casas de abobe y paja tenían puesta por el gobierno una antena de DirecTV, aunque no tenían televisor donde ver y tampoco electricidad para que funcione. Visto desde afuera y para la foto en un periódico es una casa nueva, muy linda, con antena, pero adentro no hay nada.


S.B: Un habitante de Pozo de Masa contó que en las nuevas casitas que les construyeron también hay vinchucas, que el peligro de Mal de Chagas no terminó. Entonces ¿es verdad que las vinchucas pueden sobrevivir en casa de material?

T.B: Las vinchucas, los vectores del Mal de Chagas, pueden transitar. Si vos no fumigas en los alrededores y la gente no tiene agua ni tampoco elementos para limpiar, lo que les estás dando es un refugio de material y nada más que eso. El Mal de Chagas sigue.

S.B: Cuenta más de los problemas con las autoridades.

T.B: Tuvimos una primera señal de intimidación cuando una médica del grupo recibió en su habitación dos panes con moho y una nota debajo que decía “bienvenidos al hotel”. A esa nota al principio no le dimos importancia pero después empezamos a notar presencia policial excesiva; en un pueblo como Juárez que debe de haber cuatro o cinco policías de guardia nosotros teníamos dos o tres custodiando el hotel. Y esta movilización de funcionarios de alto rango provincial también intimida para alguien que no está acostumbrado. Encontrarme a las siete de la mañana con cinco funcionarios de alto rango que venían a preguntarme qué estaba haciendo allí, cuando de entrada lo sabían. Porque yo un mes antes que me había comunicado para decirles que yo venía a colaborar con las autoridades de la provincia de Formosa. El decirme que no podía estar donde estaba porque no tenía permiso, me hace dudar si estoy en la Argentina y de si la constitución nacional existe o no. Me parece entonces que hay un montón de elementos y mecanismos de la seguridad jurídica que no funcionan o que no existen. De repente encontrarme “gentilmente acompañado” a que me tomaran los datos, a controlar las fichas de todos los voluntarios, me parece algo más de la época de la represión en la Argentina que de un estado de democracia.



S.B: Pero no a punta de pistola.

T.B: Pero en todo caso no teníamos más remedio. Nos hicieron llevar todas las fichas que teníamos de los voluntarios e hicieron fotocopia. En mi caso me pidieron mi DU, mi matrícula y mi ficha. Si esto no es un hecho intimidatorio, cuál es. Y más si uno piensa qué es lo que hice, un ilícito no. Vine a ayudar a gente que no tiene nada y que la propia provincia no la ayuda. Una camioneta de la policía provincial con las puertas abiertas con los efectivos vestidos como si fueran a una guerra y disparando contra la pared donde estábamos nosotros es también un acto intimidatorio. Las comunidades a través de sus representantes también nos metieron presión porque ellos pedían nuestra ayuda, pero el Estado no nos dejaba y ellos amenazaban con cortes de ruta y la toma del centro de salud. Y creo que si eso no se resolvía hubiese terminado en una batalla campal.

S.B: Parece, que la idea fue provocar exactamente eso.

T.B: Obvio, todo fue una provocación. Es descabellado pero en Formosa la realidad supera la imaginación. Como estar con 27 personas a cargo con las que vinimos a ayudar y terminamos en medio de un conflicto. Pero no tenemos que olvidar por qué estuvimos en el lugar. Te cuento esto: teníamos una chiquita que se atendió y la señora que la traía le dijo a la pediatra que si quería se la regalaba, para que comiera todos los días, para que tuviera una oportunidad.

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Birmania ignora a los musulmanes rohingyas en su primer censo en 30 años

Las autoridades de Birmania (Myanmar) comenzaron hoy su primer censo poblacional en más de 30 años y en el que no reconocerán a la minoría étnica musulmana de los rohingyas, informaron los medios locales.

Más de 120.000 profesores de escuela han sido entrenados para llevar a cabo las encuestas en un país con más de 52 millones de habitantes y 153 minorías étnicas oficiales.
Las autoridades no reconocen el término "rohingya", ya que consideran que los miembros de esta minoría étnica son bengalíes que emigraron al estado de Rakhine (Arankan), en el oeste del país, durante la época colonial.

El rechazo hacia esta minoría aumentó a partir de los enfrentamientos sectarios en 2012 que provocaron más de 160 muertos y 120.000 desplazados, en su mayoría rohingyas, en Rakhine.
El miércoles y el jueves pasados, una multitud atacó varias sedes de organizaciones de ayuda extranjeras, después de acusar a una empleada de la ONG alemana Malteser de tratar sin respeto una bandera budista.

Otras minorías étnicas, como los kachin y wa, han manifestado su desconfianza del censo por el temor a que sea utilizado por las autoridades con finalidades políticas.

El Fondo de Población de Naciones Unidas (FPNU) expresó su respaldo al censo, que se llevará a cabo hasta el 10 de abril, ya que facilitará la elaboración de proyectos de ayuda.
"Es una oportunidad para que cada hogar hable de sus condiciones de vida y necesidades", señaló en una entrevista con el medio "Democratic Voice of Burma" Janet Jackson, representante de FPNU en el país asiático.

Birmania, después de casi medio siglo de regímenes militares, atraviesa una etapa de reformas de corte democrático desde que la última junta se disolvió y entregó el poder en 2011 a un gobierno civil formado, en su mayoría, por exgenerales.

Desde entonces, se han declarado varias amnistías de presos, se han legalizado sindicatos y oposición, se ha iniciado la reforma de la economía hacia el libre mercado y se han entablado negociaciones con las guerrillas de las minorías étnicas.