sábado, 13 de octubre de 2012

Vivencia comunitaria hace que sigamos resistiendo a los 520 años de Colonización

Coordinadora Andina de Organizaciones Indígenas – CAOI
Bolivia, Ecuador, Perú, Colombia

Confederación de Pueblos de la Nacionalidad Kichwa del Ecuador - ECUARUNARI

Encuentro de Líderes y Lideresas de los Pueblos y Nacionalidades del Ecuador

El ex presidente de la CONAIE, Luis Macas del pueblo Saraguro y uno de los líderes históricos del movimiento indígena ecuatoriano, en su conferencia “colonización y descolonización a los 520 años”, se preguntó: ¿Qué ha pasado en estos 520 años? Aquí estamos y recordamos a valiosos líderes como el tayta Humberto Marcatomba, quien fue compañero de Lázaro Condo, uno de los fundadores de ECUARUNARI en 1972.
  
Al recordar los 520 años de la llegada de los españoles, el líder indígena dijo: algunos creemos que estamos viviendo y resistiendo a partir solo de los 520 años, pero hay que recordar que somos naciones milenarias.  No es que llegan los europeos en 1492 y nos traen la luz, nos han engañado diciendo que la civilización vino de allá, del otro lado del otro continente, de otro mundo.

Hay que recordar que en la colonización lo que se hizo fue la usurpación de los territorios, nos dividieron y se dividieron las grandes haciendas.  Lo más grave fue atacarnos en la parte fundamental que es lo espiritual, ahí nos golpearon, ahí nos dieron duro, nos evangelizaron para que poco a poco dejemos de ser lo que somos, para que dejemos de ser indios.

La historia oficial nos ha contado que hasta nos negaron que fuéramos seres humanos, el mismo Papa decía que somos seres sin alma.  Pero nuestros mayores nos han dicho que hasta los animalitos tienen alma, qué seríamos para no tener. 

¿Pero qué pasa con los pueblos indígenas, con los pueblos milenarios, cuál será el secreto para que sigamos aquí?  Yo creo que es el Sistema Comunitario, él hace que sigamos resistiendo, esa matriz comunitaria es la que nos permite la resistencia como arma de lucha.

 La resistencia no quiere decir correr a escondernos. Macas recordó que su abuelita le dijo “que cuando se presente un blanco, no alces la cabeza a mirarlo si no lo conoces, tienes que pensar antes de mirarlo, antes de hablarle”.  Y esa es una forma de resistencia, ella decía: “cuando sepas lo que tienes que decir, lo que tienes que hacer, hazlo”.

Los grandes conocimientos y sabidurías están en las comunidades, no en las escuelas y universidades como nos quiere hacer creer el sistema occidental.  Este caminar, las formas de cómo hemos luchado, de varias formas, desde diferentes espacios, son espacios de resistencia frente a estos Gobiernos de turno.

 Los proyectos de los pueblos milenarios y los Gobiernos de turno son distintos

 En su conferencia Macas expuso que hace falta más conversación, más debate interno, el problema no hay que verlo fuera, sino primero desde dentro, entre nosotros, cómo estamos y para eso hemos venido a este Rimanakuy - diálogo, a decir, a conversar, a dar ideas. 
 No estamos en un momento fácil, pero qué Gobierno no ha estado en contra del movimiento indígena en Ecuador todos y con más fuerza este Gobierno de Correa y nos preguntamos por qué. Simplemente porque son proyectos distintos, los Gobiernos de turno solo vienen a cumplir agendas ya trazadas desde fuera, en Estados Unidos, en Europa y ahora desde China, esas agendas obedecen los gobiernos.

 Pero entonces, ¿cuál es nuestro proyecto?  El proyecto en primer lugar somos nosotros mismos como pueblos, como naciones y después lo que se ha ido haciendo mediante luchas, con nuestras experiencias, la lucha nos ha dado fundamentos.

Así, en el Levantamiento del 90, cuando planteamos el Estado Plurinacional, nos respondieron: “hijitos vayan a aprender las leyes”.  Los gestores, los trabajadores de esas luchas son las comunidades, los pueblos, desde el año 90 esto es más visible, ese es el proyecto de un verdadero cambio con la participación de todos los sectores pobres. 

Algunos sólo quieren que nos incluyan en este Estado, que está hecho con cimientos coloniales, por eso este Estado sigue siendo colonial y si no hacemos otro para todos desde abajo, seguirá siendo colonial. 

 En este momento, cuando estamos discutiendo sobre el modo de Estado que queremos, hemos dado pasos, porque ahora ya está en la Constitución la Plurinacionalidad e Interculturalidad, pero nomás está escrito.  El cuestionamiento desde los pueblos originarios a este Estado, a este sistema, a este modelo de vida, no es solo que se nos reconozcan como simple folklor como lo hace el actual régimen.  

La lucha está encausada para construirlo desde abajo, un Estado distinto y nuevo, pero con la participación de todos, de los pueblos, nacionalidades y todos los pobres de la patria.

 ecuachaski
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Brasil: Leia carta de diplomatas negros barrados no STF


mônica bergamo

 Os diplomatas Carlos Frederico Bastos da Silva, 45, e Fabrício Prado, 31, ambos negros, foram barrados pela segurança do STF (Supremo Tribunal Federal) no dia em que o ministro Joaquim Barbosa foi eleito presidente da corte. Só conseguiram entrar autorizados por um superior.

Desconfiados de racismo, os diplomatas pediram explicações ao secretário de segurança institucional do STF, José Fernando Martinez. Leia, na íntegra, a carta dos diplomatas.
 
LEIA A CARTA DOS DIPLOMATAS
_Brasília, 11 de outubro de 2012,_
 
Nós, Carlos Frederico Bastos Peres da Silva e Fabrício Araújo Prado, viemos registrar nossa indignação com o tratamento que recebemos da equipe de segurança do Supremo Tribunal Federal.
O Senhor Carlos Frederico dirigiu-se, por volta das 14 horas do dia 10 de outubro, ao Supremo Tribunal Federal, a fim de assistir à eleição dos novos Presidente e Vice-Presidente da Egrégia Corte. Ao chegar ao Tribunal, passou pelo detector de metais, sem que houvesse nenhuma anormalidade, e seguiu em direção à mesa de identificação e registro do público, a qual dá acesso ao salão plenário. Ao entregar sua identidade funcional de diplomata, foi informado, pela atendente, de que havia um problema no sistema eletrônico de identificação. Ato contínuo, um segurança aproximou-se e reiterou que o sistema de registro havia sofrido pane, razão pela qual não seria possível autorizar a entrada do Senhor Carlos Frederico à plenária.
 
Causou estranheza que ele tenha sido o único visitante a ser afetado pela pane, uma vez que diversas outras pessoas, brasileiras e estrangeiras, entraram no salão sem empecilho algum.
Diante da demora em ver o problema resolvido, o Senhor Carlos Frederico reiterou a pergunta ao segurança sobre o que estava acontecendo. O segurança repetiu o argumento da pane do sistema e conduziu o Senhor Carlos Frederico até a saída do STF, pedindo que ele aguardasse lá enquanto o problema estava sendo resolvido.
 
Por volta das 14:10 horas, o Senhor Fabrício Prado chegou ao STF para encontrar-se com o Senhor Carlos Frederico (ambos diplomatas e colegas de trabalho). Ao ver seu colega do lado de fora, o Senhor Fabrício Prado perguntou a um segurança que se encontrava na entrada se haveria algum problema. O mesmo segurança esclareceu que a situação já estaria sendo resolvida e que o Senhor Fabrício Prado poderia passar pelo detector de metais e proceder à identificação. Assim o fez. Ao chegar à mesa de identificação, foi comunicado pela atendente que, também no seu caso, havia um problema no sistema. Logo depois, o Senhor Carlos Frederico foi novamente conduzido por outro segurança (não o senhor Juraci) à mesa de registro e lá se juntou ao Senhor Fabrício, enquanto aguardavam pela solução da "pane". Passado algum tempo, durante o qual outras pessoas se identificaram e entraram no salão plenário, o segurança Juraci fez ligação telefônica e informou que a entrada havia sido autorizada. Questionado sobre a razão do problema, mencionou "razões internas de segurança".
 
Já dentro da plenária, tivemos a oportunidade de conversar com o chefe da segurança, salvo engano, chamado Cadra. Ele explicou que as restrições à entrada remontavam à nossa primeira visita ao salão plenário ao Supremo Tribunal Federal, no dia 3 de outubro. Não entrou em maiores detalhes, mas disse que teríamos demonstrado comportamento suspeito naquela ocasião. No dia 3 de outubro, chegamos juntos ao STF, de ônibus, e passamos por três controles de segurança do STF, a saber: o externo, localizado na Praça dos Três Poderes (a cerca de 10 a 20 metros de distância do ponto de ônibus); o de metais, na entrada do Palácio do STF; e o interno, na mesa de identificação e registro do público geral. Assistimos a parte da sessão de julgamento da Ação Penal 470 e saímos separados.
 
Ao final da eleição do dia 10 de outubro, deixamos o STF e retornamos ao Ministério das Relações Exteriores. Inconformados com o tratamento constrangedor e sem entender o fundamento da alegação de "comportamento suspeito", retornamos ao STF, por volta das 16:45 horas, em busca de esclarecimentos. Fomos, então, recebidos pelo Secretário de Segurança Institucional do STF, o senhor José Fernando Nunez Martinez, em seu gabinete. Este último esclareceu que estava ciente de nosso caso desde a primeira visita ao STF, no dia 3 de outubro, ocasião na qual teríamos sido classificados como "dupla de comportamento suspeito".
 
No dia 3 de outubro, a "suspeição" teria sido registrada em nossos cadastros pessoais do sistema de segurança da Corte, disse o Senhor Martinez. Esclareceu que, ao retirar o Senhor Carlos Frederico das dependências do STF, o Senhor Juraci teria desobedecido a suas ordem diretas, as quais determinariam que ninguém poderia ser retirado daquelas dependências sem aval da chefia de segurança. O Senhor Martinez afirmou, ainda, que o assunto deveria ter sido conduzido de outra maneira. Disse, literalmente, que a equipe de segurança teria visto "fantasmas", os quais teriam crescido ao longo do tempo e provocado o incidente do dia 10 de outubro.
 
Não satisfeitos com a explicação oferecida pelo Secretário de Segurança, perguntamos qual teria sido o "comportamento suspeito" de nossa parte. Após ressalvar que esse é um julgamento subjetivo dos agentes de segurança e que não teria sido ele próprio a formar esse juízo, enumerou os supostos motivos que lhe foram relatados pela equipe de segurança:
 
1- Que nós teríamos aparência "muito jovem" para ser diplomatas. Registre-se, aqui, que o Senhor Carlos Frederico tem 45 anos e que o senhor Fabrício Prado tem 31 anos de idade, como atestam as carteiras de identidade emitidas pelo Ministério das Relações Exteriores, apresentadas à mesa de identificação já no dia 3 de outubro
 
2- Que os seguranças suspeitaram da veracidade dos documentos de identidade apresentados
 
3- Que, na saída da sessão do dia 3 de outubro, as suspeitas teriam sido reforçadas por termos, supostamente, saído "juntos" do STF, "com o passo acelerado", comportamento interpretado como tentativa de despistar os seguranças que nos seguiam.
 
Cumpre esclarecer que, no dia 3 de outubro, deixamos o STF em momentos distintos, o que não condiz com o relato que, segundo o Secretário de Segurança, lhe teria sido feito por sua equipe. 

Além disso, nunca nos demos conta de que estávamos sendo seguidos nem apressamos passo algum. 

Todas estas revelações nos causaram desconforto ainda maior com relação aos incidentes.
Perguntado se o incidente teria relação com o fato de sermos afrodescendentes, negou veementemente que o comportamento da equipe de segurança tivesse tais motivações. Também pediu desculpas em nome de sua equipe pela sucessão de incidentes.
 
Diante da gravidade dos fatos relatados, manifestamos nossa indignação com os injustificados constrangimentos aos quais fomos submetidos, a saber: registro no cadastro de entrada como "suspeitos"; remoção temporária do Senhor Carlos Frederico das dependências do STF; obstruções a nossa entrada na plenária; e perseguição por seguranças após nossa saída do STF.
 
Sentimos-nos discriminados pelo tratamento recebido --e no caso do Senhor Carlos Frederico, profundamente humilhado por ter sido retirado do STF no dia 10 de outubro.
 
Dada a natureza "kafkiana" dos incidentes, as explicações insuficientes e desprovidas de qualquer lógica razoável prestadas pela Secretaria de Segurança Institucional não nos satisfazem, razão pela qual não nos furtaremos a adotar as medidas cabíveis para fazer valer nossos direitos.
 
Não poderíamos deixar de expressar nossa tristeza com o fato de termos sido submetidos a tal constrangimento na data da eleição do primeiro negro a assumir a Presidência do Supremo 
Tribunal Federal, pelo qual temos profundo respeito e admiração.

_Atenciosamente,_
 
Carlos Frederico Peres Bastos da Silva
Fabrício Araújo Prado


Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

Abya Yala 520 años después, Europa nuevamente en aprietos



Foto: Thes Carlet Revolutionary
Por Ollantay Itzamná

12 de octubre, 2012.- Hace 520 años atrás, los árabes que se expandía hacia Europa bloqueaban las rutas comerciales terrestres que España había conseguido construir con las civilizaciones de la China e India. Los comerciantes europeos, desesperados por el cierre de aquella válvula, se lanzaron al desconocido mar Atlántico para conseguir una ruta alterna para sus negocios, y así evitar el colapso europeo por inanición.

En su travesía desesperada para nuevamente oxigenarse con las riquezas de las civilizaciones del Oriente, los mendigos del Atlántico se toparon con Abya Yala. Tierra preñada y fecunda de civilizaciones multicolores que asumían el oro y plata en abundancia como simples ornamentos rituales.

Más, para Europa que intentaba transitar de una economía agraria feudal hacia una economía mercantil, esos metales preciosos eran muy codiciados para respaldar y dinamizar su nuevo estilo de vida “superior”, el capitalismo. Aquél “descubrimiento” lo asumieron como una providencia y predilección de su Dios.

Así, los mercaderes ya no siguieron buscando ni la seda, ni las especias del Oriente, sino se quedaron para saquear a las civilizaciones del “nuevo” mundo, y apropiarse de todos los metales “preciosos” que buscaban. Los pueblos de Abya Yala, que creían en la presencia del desconocido como una promesa divina y no como una amenaza, acogieron y celebraron el arribo de los recién llegados. Colaboraron con ellos.

Les entregaron todos los metales que los “huéspedes” pedían. Pero éstos, que no tenían mucho de humanos, menos de enviados divinos, destruyeron, masacraron, infestaron de sífilis, bautizaron, comercializaron con el cuerpo y la libertad del África. Todo en nombre de su Dios.

Para justificar aquel exterminio y saqueo jamás conocida por la humanidad, recurrieron a teorías filosóficas absurdas para auto afirmarse como la raza y civilización superior, y a nosotros nos redujeron a seres “infrahumanos”. Por tanto, sin derecho a tener derechos, ni reclamar lo nuestro. Así, los enviados de Dios para “evangelizar” el nuevo mundo, mediante la biblia y la espada, y civilizar a la humanidad, afianzaron el sistema del capitalismo mercantil sobre las cenizas de la dignidad de los pueblos y de la Madre Tierra.

520 años después, aquel monstruo del capitalismo que los “civilizados” afianzaron como el único estilo de vida, ahora se vuelve en contra de ellos. El implacable imperio de las corporaciones neoliberales, deglute los derechos humanos básicos que Occidente intentó forjar en más de dos siglos de luchas sociales.

Millones de europeos y norteamericanos, incluidos gobiernos, se sienten impotentes ante la invasión brutal del capitalismo recargado sin patria y sin compasión. 520 años después, Europa busca comida en los contenedores de basura en las puertas de los supermercados.
Ni el mismo Dios cristiano puede hacer nada contra este nuevo Dios mercado que, ahora, se come a sus propios progenitores, y empuja a sus apóstoles neoliberales a invadir, matar y despojar en busca de lo que la colonia dejó en los pueblos del Sur.

Mientras esto ocurre en el Norte “civilizado”, 520 años después, los “incivilizados” del Sur, lejos de seguir siendo objetos de la caridad internacional, nos constituimos, no sólo en una barrera para frenar la avaricia insaciable del imperio de la muerte, sino en una propuesta real y concreta para domar al monstruo del capitalismo neoliberal.

No sólo porque ya conocimos sus recetas fracasadas, sino porque sabemos, por historia propia, de qué material está hecho. UNASUR, MERCOSUR, ALBA, CELAC, BRICS, ASPA son propuestas refulgentes frente a la UE, FMI, BM, NAFTA, OCDE, OMC, ahora, con pronósticos reservados. Y estas esperanzas promisorias no son fruto de la “evangelización” cristiana o del desarrollo capitalista, sino de los esfuerzos de descolonización integral de estos dos rostros de la colonización.

Esta historia tiene que servir para que el Norte y Occidente entiendan que nosotros los mortales no somos ni mejores, ni peores. Ni ángeles, ni demonios. Ni amos, ni esclavos. Sólo humanos, hijas e hijos de la Madre Tierra, hechos para acoger a “Otros” siempre como una promesa, jamás como una amenaza.


"Ahora te vamos a llamar hermano", la película sobre un gran levantamiento mapuche durante el gobierno de la UP

por Pedro Cayuque (Valdivia, Chile)
Domingo, 07 de Octubre de 2012

05 / 10 / 12, Valdivia, País Mapuche



Pocos lo saben, pero una de las más grandes protestas que debió sortear la Unidad Popular de Salvador Allende no fue aquella de los camioneros o los poderosos gremios patronales. Se trató del "Cautinazo", un gigantesco levantamiento mapuche que, iniciado en 1970, implicó por parte de las comunidades la recuperación de miles de hectáreas de tierras usurpadas tras la mal llamada "Pacificación" de La Araucanía. Fueron más de 200 mil. A punta de ocupaciones y corridas de cerco. Así, 200 mil. Y de un paraguazo.

Descontentos con la Reforma Agraria, que reducía la lucha indígena a una demanda "campesinista" y llenaba de colonos del valle central los nuevos asentamientos -"una nueva invasión huinca", comentaba siempre mi abuelo-, los mapuche pasaron de los dichos a los hechos, ocupando decenas de fundos y enfrentándose tanto con latifundistas malas pulgas como con Carabineros. Hubo desalojos violentos, muertos de lado y lado, y centenares de comuneros desfilando por tribunales y calabozos sureños. Incluso más de alguna huelga de hambre carcelaria, sospecho.

Cuesta creerlo hoy en día. Al igual que Pinochet y toda la Concertación junta, ni el "Compañero Presidente" se libró de los "indignados" mapuches del sur. Si, a diferencia de los anteriores, Allende tuvo el suficiente tino político como para maniobrar y salir bien parado de la coyuntura. Y es que producto del "Cautinazo" fue la avanzada Ley Indígena promulgada el año 1972, que reconocía la usurpación de tierras ancestrales y garantizaba su devolución a las comunidades, proceso que se desarrollaría en paralelo a la polémica Reforma Agraria y su marxista slogan “la tierra para el que la trabaja”.

Parte de esta historia, desconocida para la gran mayoría de los chilenos -e incluso para las nuevas generaciones de mapuches-, es la que rescata el filme "Ahora te vamos a llamar hermano", del cineasta chileno Raúl Ruiz, a estrenarse hoy viernes en el 19 Festival Internacional de Cine de Valdivia. Hecha durante el tiempo en que Ruiz fue comisario fílmico de la Unidad Popular, muestra una gran concentración mapuche en Temuco, convocada en 1971 para celebrar la citada Ley Indígena y el acuerdo solemne establecido entre Allende y las comunidades de garantizar, en dicha legislación, sus derechos políticos y territoriales.

La cinta es un verdadero hallazgo. Una joya histórica y cinematográfica, de culto para los admiradores de la monumental obra de Ruiz. Una única copia fue encontrada en el Archivo Storico delle Arti Contemporanee en Italia. Fue restaurada por la Fondazione Biennale di Venezia y la exhibición en el FICV será su estreno absoluto en suelo chileno. Narrada completamente en mapudungun, la "voz de la tierra", lo que emerge de los testimonios recogidos por la cámara de Ruiz son historias de innumerables atropellos y despojos, de persecuciones y racismo. La historia triste de un Chile que al sur del Biobio no era Chile. Y aun no todavía.

“Nosotros consideramos que los problemas de los mapuches no pueden solucionarse sólo en función de la reforma agraria”, le decía Salvador Allende al cineasta estadounidense Saul Landau, hablando del tema en el jardín de su casa de Tomás Moro, el mismo año de la película de Ruiz. “Aquí hay un problema antropológico cultural, de raza. Este no es un problema de un día, será un problema de muchos años... Ellos nos llaman huincas”, agregaría Allende, pedagógico. Y vaya si tenía razón. Los mapuches llamaban “huincas” a los chilenos. Es decir, ladrones, usurpadores, el que viene por el trozo más grande. Tras el “Cautinazo” y sobre todo la Ley Indígena, ahora recién los podían llamar “hermanos”.

* Columna publicada originalmente en Diario Austral de Los Ríos.