Caros Colegas:
Em 25 de
março último, a PF entrou no campus a paisana e revistou pessoas que
estavam na lanchonete do CFH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas) da
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Com um aluno ancoraram
três cigarros de maconha. O Conselho de Unidade do CFH estava reunido no
terceiro andar do prédio e a Profa. Sônia Maluf (vice-diretora do
Centro), avisada por pessoas que presenciaram a cena, desceu para ver o
que estava acontecendo. Solicitou que a pessoa que estava efetuando a
prisão se intensificasse. Nesse momento ficou sabendo que era um agente
da Polícia Federal e o rapaz começou a ser arrastado para o bosque do
Planetário ao lado do prédio do CFH.
Ali, um carro sem identificação
aguardava com outros policiais a paisana. Nesse meio tempo mais pessoas
foram chegando e o tumulto
começou a se formar, uma vez que tentaram impedir que o aluno fosse
levado em um veículo não identificado. A Profa. Sônia chegou a sentar-se
sobre a frente do carro para impedir sua saída. O superintendente em
exercício da PF, presente no local, negou-se a qualquer tipo de
negociação, alegando estarem em uma ação contra o tráfico de drogas no
campus. O Prof. Paulo Pinheiro Machado (diretor do CFH), demais
professores, técnicos, estudantes, uma deputada, um vereador, todos
solicitavam calma e sugeriram ir junto com o aluno.
Nada foi acatado
pelo superintendente que chamou o Batalhão de Choque da Polícia Militar.
A tropa de choque, face ao tumulto, começou a atirar com balas de
borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Nessa altura já era a hora da
saída das crianças das duas pré-escolas vizinhas no bosque. Ou seja, o
risco era enorme e ainda assim a ação continuou de forma truculenta com
vários feridos. Cinco pessoas foram
detidas.
As declarações do superintendente por meio da mídia tem sido desastrosas e mostram uma reação extremada em relação à UFSC, à atual gestão e às pessoas envolvidas no episódio. A ameaça agora é de enquadrar os "responsáveis" na Lei de Segurança Nacional. 41 pessoas estão intimadas a depor, sendo a última delas a Profa. Sônia Maluf, considerada, ao que tudo indica, pela PF como aquela que "incitou o tumulto", obstruiu a ação da polícia e permitiu que ações de vandalismo acontecessem, o que é um absurdo.
Estamos muito preocupados com todos esses acontecimentos que se inscrevem no que temos acompanhado como "criminalização dos movimentos sociais" no Brasil.
Pedimos
que divulguem e incentivem moções de repúdio à ação truculenta da
polícia dentro do campus, assim como de apoio aos que estão sendo
criminalizados.
Abraços preocupados,
Núcleo Margens: Modos de vida, família e relações de gênero
Departamento de Psicologia/CFH/UFSC
Campus Universitário - Trindade
88040-910 - Florianópolis - SC - Brasil
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