viernes, 24 de mayo de 2013

Relatório ‘perdido’ expõe genocídio de índios brasileiros 25 Abril 2013

Survival

Xamã Umutima em 1957. Em 1969, a maior parte dos Umutima foram aniquilados por uma epidemia de gripe.
Xamã Umutima em 1957. Em 1969, a maior parte dos Umutima foram aniquilados por uma epidemia de gripe.
© Survival
 
Um relatório chocante detalhando atrocidades horríveis cometidas contra índios brasileiros nos anos 1940, 50 e 60 ressurgiu – 45 anos depois que ele foi misteriosamente ‘destruído’ em um incêndio.


O relatório Figueiredo foi encomendado pelo Ministro do Interior em 1967 e causou um clamor internacional depois que revelou crimes contra a população indígena do Brasil nas mãos de latifundiários poderosos e do próprio departamento do governo para assuntos indígenas: o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). O relatório levou à fundação da organização de direitos indígenas Survival International, dois anos depois.



O documento de mais de 7.000 páginas, compilado pelo Procurador Jader de Figueiredo Correia, detalhou o assassinato em massa, tortura, escravidão, guerra bacteriológica, abuso sexual, roubo de terras e negligência travada contra a população indígena do Brasil. Como resultado, algumas tribos foram completamente eliminadas e muitas mais foram dizimadas.

O relatório foi recentemente redescoberto no Museu do Índio e agora será considerado pela Comissão Nacional de Verdade do Brasil, que está investigando as violações de direitos humanos ocorridas entre 1947 e 1988.
Um dos muitos exemplos horrendos no relatório descreve o ‘massacre do paralelo 11’, em que dinamite foi lançada de um pequeno avião sobre a aldeia de índios Cinta Larga. Trinta índios foram mortos – apenas dois sobreviveram para contar o ocorrido.
Um casal Karajá com seu bebê, que morreu de gripe.
Um casal Karajá com seu bebê, que morreu de gripe.
© Survival
 
Outros exemplos incluem o envenenamento de centenas de índios com açúcar misturado com arsênico e métodos severos de tortura, como o esmagamento lento dos tornozelos das vítimas com um instrumento conhecido como o ‘tronco’.
As descobertas de Figueiredo levou a um clamor internacional. No artigo ‘Genocídio’ de 1969 publicado pelo Sunday Times britânico, com base no relatório, o escritor Norman Lewis escreveu: ‘Do fogo e espada ao arsênico e balas – a civilização enviou seis milhões de índios para a extinção.’ O artigo mobilizou um pequeno grupo de cidadãos preocupados a formar a Survival International no mesmo ano.
Como resultado do relatório, o Brasil lançou um inquérito judicial, e 134 funcionários foram acusados ​​de mais de 1.000 crimes. 38 funcionários foram demitidos, mas ninguém foi preso pelas atrocidades.

SPI foi posteriormente dissolvido e substituído pela FUNAI- a Fundação Nacional do Índio do Brasil. Mas enquanto grandes extensões de terras indígenas foram demarcadas e protegidas desde então, as tribos do Brasil continuam a lutar contra a invasão e destruição de suas terras por madeireiros, fazendeiros e colonos ilegais, e a perder seu território por causa do programa de crescimento agressivo do governo que visa a construção de dezenas de grandes hidrelétricas e a autorização da mineração em grande escala em suas terras.
 
O Diretor da Survival International, Stephen Corry, disse hoje, ‘O relatório Figueiredo faz uma leitura horrível, mas de uma forma, nada mudou: quando se trata do assassinato de índios, reina a impunidade. Homens armados matam rotineiramente índios com a consciencia que há pouco risco de serem julgados e punidos – nenhum dos assassinos responsáveis ​​por atirar contra líderes Guarani e Makuxi foi preso por seus crimes. É difícil não suspeitar que o racismo e a ganância estão na raiz do fracasso do Brasil em defender as vidas de seus cidadãos indígenas.’
Nota para editores:
- Extratos do relatório estão disponíveis a pedido.
Fotos disponíveis para download:
Xamã Umutima em 1957. Em 1969, a maior parte dos Umutima foram aniquilados por uma epidemia de gripe. Xamã Umutima em 1957. Em 1969, a maior parte dos Umutima foram aniquilados por uma epidemia de gripe.
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Crédito: © Survival
 
Atrocidades contra a tribo Cinta Larga foram expostas no relatório Figueiredo. Depois de atirar na cabeça de seu bebê, os assassinos cortaram a mãe no meio. Atrocidades contra a tribo Cinta Larga foram expostas no relatório Figueiredo. Depois de atirar na cabeça de seu bebê, os assassinos cortaram a mãe no meio.
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Crédito: © Survival
 
Um casal Karajá com seu bebê, que morreu de gripe. Um casal Karajá com seu bebê, que morreu de gripe.
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Crédito

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Edmilson Pinheiro
São Luís/MA/Brasil

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