lunes, 25 de julio de 2011

Brasil: 1ª Marcha das Pretas


Durante a caminhada nas principais ruas de São Vicente os participantes denunciaram a presença subalterna da mulher na sociedade.


No último dia 23 de julho a Educafro de São Vicente – SP promoveu a Primeira Marcha das Pretas por ocasião do dia da mulher negra Latino Americana e Caribenha. O evento teve o apoio da Casa de Cultura de Santos,grupo HIP HOP Mulher e do Círculo Palmarino. Essa data foi marcada em 25 de julho de 1992 quando mulheres negras de 70 países participaram do 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e Caribenha na República Dominicana.

Pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgada em novembro de 2005 confirma que as mulheres negras são discriminadas no mercado de trabalho. Em 2003,entre as negras do país,cerca de 22,4% eram empregadas domésticas. Entre as brancas o percentual caia para 13,3%,entre elas 30% tem carteira assinada,enquanto 23,4% das negras têm o mesmo beneficio. A mesma pesquisa aponta que também na área da saúde,a negra está em desvantagem, cerca de 46,3% nunca fizeram o exame clinico de mama,enquanto as brancas 28,7%.

Por estes e tantos outros motivos,os participantes percorreram as principais ruas comerciais de São Vicente,denunciando e questionando a não presença das negras em cargos de chefia e na publicidade e a baixa remuneração. Cerca de 70 pessoas participaram da marcha.

Durante o percurso,vários representantes de movimentos sociais se pronunciaram. Urivani Carvalho,vice-presidente da Casa de Cultura de Santos falou sobre a importância do apoio à iniciativa da Educafro e da tradição da instituição às causas femininas. “A Casa da cultura é referência na inclusão de ações afirmativas,atualmente promove capacitação das mulheres negras para o mercado de trabalho. A intenção é cada vez mais apoiar ações como estas para maior conscientização da comunidade”,afirma Urivani.

Já a presidente do Grupo Jurema Preta e vice-coordenadora do INTECAB (Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira) Ya Denise de Sobá,falou que a presença dos movimentos religiosos no evento é de grande importância,especialmente os de matizes africanas,“para nós,religiosos,é importante lutar não só pela tolerância religiosa,mas contra toda forma de preconceito presente na sociedade.”,afirma Denise.

Para a coordenadora executiva do Regional Educafro Baixada Santista,Andréia das Graças,a Marcha das Pretas foi positiva do ponto de vista da visibilidade e informação para a comunidade Vicentina e aponta que o evento já faz parte do calendário do grupo Educafro de São Vicente. “a proposta é tornar o 25 de julho,que é o dia da mulher negra latino caribenha,mais debatido em nossa região,chamando inclusive representantes dos órgãos públicos da cidade para as necessidades das mulheres negras”,ressalta Andréia.

O poder público foi convidado,mas nenhum representante compareceu ao evento.



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