Ao
tentarem entrar em um dos canteiros, índios Xikrin totalmente
desarmados foram recebidos com bombas e tiros de bala de borracha
O Ministério Público Federal recebeu denúncias de índios Xikrin
que ontem (25 de maio) foram recebidos com bombas e balas de borracha
ao tentarem entrar no canteiro de Belo Monte para conversar com
representantes da Norte Energia S.A, responsável pelas obras. De
acordo com os relatos, cerca de 20 indígenas se dirigiram ao local
pacificamente e desarmados, para cobrar o cumprimento das
condicionantes indígenas.
Ao chegarem no local, segundo narram, foram recebidos com bombas por
homens da Força Nacional de Segurança, que desferiram vários tiros
de bala de borracha contra os índios. 4 pessoas ficaram feridas.
“Avisamos que estávamos lá para conversar, tentamos conversar. Os
policiais não perguntaram nada, disseram que não queria conversar e
continuaram atirando”, relataram os indígenas. Diante disso, os
indígenas voltaram para Altamira, onde denunciaram o ocorrido ao
MPF.
O comandante da Força Nacional em Altamiras será ouvido pelo MPF. A
Procuradoria Geral da República vai receber uma solicitação para
que requisite, do Ministério da Justiça, informações sobre os
limites, objetivos e justificativas para a presença da Força
Nacional nos canteiros de obra da usina de Belo Monte. O MPF
solicitou que Fundação Nacional do Índio (Funai) encaminhe as
vítimas para exame de corpo de delito ainda hoje.
Esta não é a primeira denúncia de supostos abusos de homens da
Força Nacional dentro dos canteiros de Belo Monte. O MPF já havia
recebido relatos de trabalhadores e tinha um procedimento para
investigar “a legitimidade da ação da Força Nacional em defesa
do patrimônio da Norte Energia. S.A e do Consórcio Construtor de
Belo Monte”. Com as agressões de hoje contra os índios, a
investigação do MPF passou a ser criminal.
Há cinco dias, indígenas de várias etnias atingidos por Belo Monte
estão fazendo um bloqueio na Rodovia Transamazônica para impedir a
entrada de operários no canteiro da usina. Eles cobram o cumprimento
das condicionantes indígenas do empreendimento que, três anos
depois do início das obras, sequer começaram. Os Xikrin disseram ao
MPF que foram na usina para discutir uma pauta de negociações.
Segundo eles, até agora nenhum projeto de compensação ou mitigação
pelos impactos de Belo Monte foi realizado e a Funai e o Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) nunca visitaram a aldeia para
avaliar o cumprimento das condicionantes.
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