martes, 18 de junio de 2013

Protestos se espalham pelo Brasil com cenas de insatisfação e revolta

A onda de manifestações que se espalhou por pelo menos 11 Estados brasileiros nesta segunda-feira levou à invasão da cobertura do Congresso Nacional, em Brasília, e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em uma série de protestos considerada a maior desde o impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992.

Seguranças e policiais militares não conseguiram evitar que participantes de uma marcha com 5 mil manifestantes chegassem ao Congresso Nacional e ocupassem a marquise do prédio, onde ficam as cúpulas da Câmara e do Senado.
A reportagem é publicada pela BBC Brasil, 18-06-2013.

Os manifestantes deixaram o local pacificamente e de forma espontânea em uma das cenas mais marcantes do dia de protestos. Porém, o desfecho em outras capitais teve momentos de confronto e tensão.
No Rio, um grupo de cem manifestantes invadiu o edifício da Assembleia Legislativa e entrou em choque com a Polícia Militar. Ao menos 20 policiais foram feridos e duas pessoas teriam sido baleadas. A manifestação na cidade reuniu 100 mil pessoas, segundo a PM.

Segundo o correspondente da BBC Brasil Caio Quero, houve corre-corre na cidade e ao menos dois focos de incêndio, um deles em um carro. Um pequeno grupo colocou fogo no veículo, mas a ação foi reprovada por outros manifestantes. Diversos disparos foram registrados na região, e a tropa de choque da Polícia Militar foi enviada ao local e conseguiu dispersar os manifestantes.
Violência também foi registrada na capital mineira, depois que a polícia lançou bombas de gás para dispersar os manifestantes que se agrupavam na Avenida Antônio Carlos, perto da Universidade Federal de Minas Gerais, segundo a Agência Brasil. A polícia afirmou que entrou em ação quando manifestantes tentaram invadir o estádio do Mineirão, onde Nigéria e Tahiti jogavam pela Copa das Confederações.

Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, manifestantes incendiaram ônibus e contêineres, além  de promoverem atos de vandalismo no centro da cidade. Eles foram dispersados pela polícia com bombas de gás.

No Paraná, segundo a RPC TV, manifestantes tentaram invadir a sede do governo, em Curitiba, mas foram impedidos pela Polícia Militar.

Segundo a ministra da Secretaria de Comunicação Social da PresidênciaHelena Chagas, a presidente Dilma Rousseff afirmou que "manifestações pacíficas são próprias da democracia e que é próprio dos jovens se manifestar". De acordo com a ministra, Dilma acompanhou o desenrolar das manifestações e se reuniu com o ministro da JustiçaJosé Eduardo Cardozo, para tratar do assunto.

Mais cedo, o ministro da Secretaria-Geral da PresidênciaGilberto Carvalho, disse que o governo está preocupado com os protestos e quer garantir diálogo com os movimentos para entender "anseios importantes" que têm levado as pessoas a se manifestar.

Palavras de ordem

Em São Paulo, a marcha de protesto começou com a concentração de 30 mil manifestantes por volta das 17h no Largo da Batata, na zona oeste. O protesto transcorreu de forma pacífica nas primeiras horas, mas terminou em confronto entre a polícia e um grupo de manifestantes que tentou invadir o Palácio do Governo.

"Oh! O povo acordou!" Essa era a palavra de ordem que embalou dezenas de milhares de jovens manifestantes que tomaram algumas das principais avenidas da cidade.
A ação violenta da polícia contra manifestantes e jornalistas na semana anterior transformou um protesto inicialmente motivado pelo aumento das tarifas dos ônibus, metrô e trens (e organizado por ativistas e partidos políticos) em um movimento maior - que arrebatou participantes de diversas origens, descontentes com a situação da educação, da segurança, da saúde, além de críticos das diversas esferas de governo.
"Não sou ligado a nenhum movimento, mas achei que deveria vir aqui hoje. Estou protestando contra tudo, especialmente contra o governo e contra essa violência sem sentido da polícia", disse o estudante de administração de empresas Pedro Henrique Nejm, de 21 anos, que dizia não ser ativista nem militante político.

Durante o protesto, grupos formados por participantes como ele se revoltaram contra militantes de agremiações políticas que ostentavam bandeiras e tentavam liderar a manifestação. Gritando "sem partido!", os manifestantes tentavam pressionar os colegas e dar um caráter suprapartidário, de pessoas comuns, ao movimento. A maioria dos manifestantes era formada por estudantes e jovens.
Cartazes e tumulto

Muitos saíam do trabalho e procuravam a concentração da manifestação. Um deles foi Wallace da Silva, de 27 anos, que terminou o expediente em uma fábrica de alto-falantes na cidade vizinha de Cotia e se dirigiu para a concentração do movimento.
"Temos que lutar pelos nossos direitos. Estamos cansados dessa situação. o fato de estar aqui ajuda a mudar alguma coisa", disse ele.
Os manifestantes também direcionaram seus protestos contra os gastos governamentais comCopa do Mundo de 2014. Muitos cartazes, em inglês, pediam para que os estrangeiros não viessem ao Brasil para o evento.
O protesto chegou a reunir mais de 60 mil participantes, segundo o instituto Datafolha. O grupo inicial se dividiu para ocupar as principais avenidas da cidade, entre elas a Paulista, Avenida 23 de Maio, Luiz Carlos Berrini, Brigadeiro Faria Lima e Marginal Pinheiros.
Um grupo de 3 mil manifestantes se dirigiu ao Palácio dos Bandeirantes e tentou invadir o complexo. Após derrubarem o portão, eles foram dispersados pela Polícia Militar, que usou bombas de gás lacrimogênio.

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